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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cine Brasil

Desde que vi o filme “O Cangaceiro” de Lima Barreto na TV Cultura, no inicio dos anos 90, nunca mais deixei de assistir a filmes brasileiro.
Já vi de tudo, de Xuxa aos explícitos de outras décadas. Nada que estivesse ao meu alcance deixava de ver, não tinha seleção para nada, tudo era visto por esses olhos famintos por imagens brasileiras. Vi filmes mudos em cinematecas e outros tantos na tv, em fita VHS e agora em DVD.
Nesses anos tenho minha seleção de filmes nacionais dos melhores e piores. Cada julgamento não é feito em comparação com os filmes estrangeiros, cada um tem sua realidade e história. Em um filme norte-americano gasta o equivalente para fazer pelo menos dez filmes brasileiro da melhor qualidade e ainda sobra um trocado para tomar cerveja.
Assisti mudos, chanchadas, vera cruz, maristela, mazzaropi, cinema novo, pornochanchadas, trapalhões, Xuxa, retomada do cinema, sem falar dos filmes que de alguma maneira ou outra não se classificaram em nenhuma categoria.
Um deles me impressionou quando vi pela primeira vez, tudo foi feito com uma perfeição, acima da média dos filmes que havia assistido. Quando vi pela primeira vez “O Pagador de Promessas”, fui tomado de súbito pela paixão, cada imagem era única e realmente aquilo que assistia mesmo na Tv era cinema e dos melhores, emoção só senti ao ver o filme do Lima Barreto, que tempos depois tive o prazer de ver no telão do Instituto Cultural Itaú a mesma cena da entrada dos cangaceiros na vila.
Voltando ao filme do Anselmo Duarte, cada cena e diálogo me fascinou e continua me causando fascinação, o que não ocorreu com a minissérie da Rede Globo, que não se compara ao brilhantismo da adaptação que foi feita para o cinema.
Houve despeito pelo sucesso da fita e o prêmio que ganhou em Cannes, como foi relatado nas biografias do Anselmo Duarte por ele. Chegaram até a dizer que o Brasil só ganhou a Palma, porque tinha outros filmes brilhantes e para não ser injustos com eles preferiram ser imparcial e dar o prêmio a um diretor desconhecido e outras maldades também foram ditas. Seja lá verdade ou não, o fato é que o filme ainda existe e quem quiser pode assistir e ver o como ainda é um filme bonito e forte, que não sucumbiu com o tempo.
Vendo ao filme Viridina de Buñuel em DVD, também ganhador do maior prêmio em Cannes, A Palma de Ouro em 1961, fica evidente como o filme não é de todo o mal, fala de instituição como o casamento, fé, caridade e seres humanos. Contando a história de uma ex-freira que é amolestada pelo marido de sua tia e após a morte dele, faz caridade colocando na mansão vários moradores de rua onde o cômico e o trágico se misturam.
No filme brasileiro a igreja católica também é o centro da história, só que desta vez um pagador de promessas é tido como o novo Cristo que prega a revolução. Além da fé, vemos como o jornalismo sensacionalista deturpa as notícias para vender jornais e a intolerância da igreja. O povo representado pelo Zé do Burro e os demais populachos mostra como são diferentes, uns matreiros e outros aparvalhados.
Pode parecer bairrismo da minha parte, considero o filme do Anselmo Duarte bem melhor que o do Buñuel, o assunto abrangido pelo brasileiro foi muito mais além do que a fé e a instituição religiosa, no caso do Pagador aborda assunto em voga como a reforma agrária.
Sem falar é claro dos belos takes das imagens emblemáticas, da macumba, jogo de capoeira e a bela imagens do Zé do burro acompanhando a Santa em cima do andador.
Na terceira edição da revista Bravo!, de 100 Filmes Essenciais da História do Cinema, Viridiana fica classificado em 29 e os filmes do Brasil só entra na classificação 40 e depois 80 e 84 e o Pagador não é nem citado apesar de ser o único filme brasileiro ganhador da Palma de Ouro em Cannes e de tantas qualidades que já escrevi. Infelizmente outro que também ficou de fora foi o emblemático Limite, de Mário Peixoto, talvez porque não fi lançado comercialmente ou na melhor das hipóteses quem editou a revista nunca tenha visto ou ouvido falar de tal filme.

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