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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

INFINITO MAR


O mar. Como é lindo o mar. Nunca havia percebido sua imensidão.
Agora vejo todas as cores, cheiro,...
Parece tolice dizer o que todos já sabem, ou melhor, alguns já sabem, com certeza e não tenho medo de dizer, outros tantos nunca pararam para admirar o mar.
Nunca havia parado para sentir a brisa vinda do mar, todas as vezes que vinha a praia era para me embebedar junto aos amigos.
Sinto-me extremamente só, não tenho motivo para me sentir assim, estou sempre rodeado de pessoas, risos fáceis ecoam ao meu redor, nunca fico sozinho, em casa tenho esposa, filhos, amigos, vizinhos, todos ficam sempre junto a mim e somos felizes. Uma felicidade infantil, onde um comentário, do mais inocente causa comoção a todos.
Ontem saí de manhã, indo ao trabalho, como de costume. Minha rotina nunca é alterada, mas ontem foi diferente. A muito não faltava. Não sei precisar bem o que me levou a desistir de ir ao trabalho, simplesmente não fui, nada de especial na minha escolha, somente uma escolha pura, nada mais.
Andando eu pelo calçamento, vendo a areia branca, o ir e vir do mar, pássaros voando, pessoas correndo, crianças brincando, a vida acontecendo. Nada mais me perturbou que a sensação de liberdade ilimitada.
Ser livre é o sonho de todos. Agora que me encontro livre não sei o que fazer com minha liberdade.
Talvez fosse melhor ser prisioneiro da minha feliz existência, não perceber coisa alguma. Viver sem notar o mar.
Agora é tarde, como posso esquecer-me do teu verde esmeralda, teu rugido rouco e do soprar de tuas narinas. Definitivamente não posso.
A beleza escraviza os deslumbrados, pois agora sei que minha felicidade estava no deslumbramento de ser o centro das atenções. Algo se rompeu dentro de mim, caiu a venda dos meus olhos, descobri que existe algo imenso, forte, poderoso que está além de mim, não poderei dizer o que é, também não o sei, sinto, toda sua força. Força essa que me deixa fraco.
Agora os risos tornaram-se flácidos e frívolos, os afagos uma forma desesperada de atenção, nada mais me satisfaz. Abatido sigo em frente, sem ilusão, consciente da vida, o que foi ontem é hoje e será amanhã.
Respirar virou minha maior alegria, já não vejo velhos costumes importância de outrora. Pessoas, árvores, animais e objetos inanimados como parte de mim, grandes irmãos que me completa e me fazem seguir adiante sem medo do desconhecido.
Ao ver o mar aprendi a respeitar o que não posso compreender, mesmo que isso fira a minha vaidade.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ONDE ANDARÁS SÍLVIO JÚNIOR?



Muitos não há de lembrar-se desse ator, ele não participou de nenhum clássico popular, os filmes que ele trabalhou nunca passou na sessão da tarde e muito menos quem o viu em cena não foi junto com os pais.

Então o porque do interesse de saber o paradeiro desse obscuro ator?

Não se trata dele em si, mas do que ele carrega junto de si. Não é nenhum tesouro, muito menos segredos que interessa a toda humanidade, então o porque de ser dele?

Sílvio Júnior foi um dos galã da Boca do Lixo, cinema praticado no Brasil nas décadas de 70 e 80, mais precisamente galã da chamada fase Explícito da Boca do Lixo, iniciada com o filme “Coisas Eróticas”, de 1981.

Cinema da Boca do Lixo, era localizado no bairro da Luz, local do baixo meretrício de São Paulo, como nas ruas desse bairro tinha uma gama grande de produtoras de cinema, o cinema feito lá passou a ser chamado dessa forma. Na década de 70, no auge da repressão militar a valvula de escape era os filmes eróticos, que eram feitos pelas produtoras, com baixo custo e que rendiam muito, ficou conhecido como ‘pornochanchada’.

Já a década seguinte o cinema deixou de ser erótico e passou para o explícito, graças a filmes como ‘O Império dos Sentidos’ e ‘Calígula’, filmes tidos como filmes de artes.

O cinema brasileiro ficaria marcado como filmes de péssima qualidade e sujos, não que antes fosse diferente, mas o preconceito se acirrou e só com a retomada do cinema nacional na década seguinte com o filme ‘Carlota Joaquina, a Princesa do Brazil’, de Carla Camurati e com o filme ‘Qu4trilho’, de Fábio Barreto, o filme brasileiro voltou a ser querido novamente pelo público brasileiro.

Passado a euforia do cinema erótico brasileiro, muitas atrizes passaram a odiar tais filmes, e fazem de tudo para esquecer que fizeram parte dessa fase do cinema. Um dos poucos a lançar luzes sobre essa fase é o diretor de cinema Alfredo Sternheim, no livro ‘Cinema da Boca – Dicionário de Diretores’, e o diretor Ozualdo Candeias, no livro ‘Uma rua chamada Triunfo’. Ambos os livros focam o período anterior ao explícito da década de 80.

O Explícito brasileiro durou praticamente uma década, no início da década de 90, com o fim da Embrafilme, empresa estatal, o cinema brasileiro como um todo foi a bancarrota.

Em 1995, surgiu a produtora Brasileirinhas, produzindo filmes pornos de péssimas qualidades, sem estórias e com atores e atrizes que não passam de máquinas de sexo sem sentido.

Quem já viu um filme explícito brasileiro produzido na década de 80 sabe que tinha certas qualidades se comparando com os produzidos apartir da década seguinte.

O fato não é a qualidade dos filmes em si, o que me chama atenção é o pudor como o assunto é tratado, os dois livros deixa claro que o cinema práticado na década de 80 pelas produtoras é pura e simplismente comercial e que todos devem esquecer como produto menor.

Sílvio Júnior não foi o único dessa fase do cinema a ter sumido, outros faleceram, seguiram caminhos tortuosos na vida. Walter Gabarron faleceu de câncer, Eliana Gabarron virou evangélica e outros tantos seguiram rumos não sabidos.

Essa época do cinema brasileiro é pouco ou nada documentada. A Imprensa Oficial, tem lançado livros com o intuito de documentar a vida cultural brasileira através de depoimentos.

Fico a pendar, o porque não deixar o preconceito de lado e tratar o assunto seriamente. Um dos poucos lançamentos a respeito de quem viveu essa época é justamento o diretor Alfredo Sternheim que já citei e o ator David Cardoso, que participou ativamente como diretor e produtor de filmes explícitos. Ele faz questão de colocar uma virgula nesse período e seguir adiante.

José Augusto Iwersem seria a pessoa indicada para entrevistar atores, diretores e produtores, já que é um estudioso dos bastidores dos filmes de sexo explícito daquela época.

Ignorar um movimento cultural é excluir uma parte da história, querer romantizar e condicionar a verdade. Se existiu, deve-se ter olhar crítico e analisar todo o contexto sem julgamentos.

Querer saber onde anda o ator Sílvio Júnior, o Silvio Pelicer Filho, é tirar um ranço de cima de uma parte viva da história, que todos fingem que não existiu.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

MORAL DE ONTEM E SEMPRE


Abílio Pereira de Almeida

Sei pouco desse autor teatral, estou em vantagem, a grande maioria nunca ouviu falar dele, e o pior, grande parte dos novos atores também não.

Será que era um autor tão ruim assim, ou datado, ou não merecesse ser lembrado pós morte. Nada disso, tuas peças não envelheceram, alguns assuntos sente o peso da poeira, nada mais.

Não sou ator, nunca vi uma peça dele ser encenada, e muito menos li qualquer coisa que ele tenha escrito. Então como posso estar aqui escrevendo a respeito do que não conheço.

Não se esqueçam que sou cinéfilo, e para piorar a situação, sou fascinado pelo cinema nacional. Bingo!, pra quem não adivinhou, vou contar, bem baixinho, pra virar segredo: Eu vi filmes baseados nas peças dele!

Agora que vocês sabem desse meu segredo, vou contar os nomes dos filmes: “Terra é Sempre Terra, Sonhando com Milhões, Moral em Concordata e Dona Violante Miranda”.

As peças do Abílio Pereira de Almeida, está interligada pela moral, ou melhor, até onde a moral existe para nos beneficiar. Terra é Sempre Terra, filme dos Estúdios Vera Cruz, filmado em 1951, baseado na peça Paiol Velho mostra a moral ou a falta dela, de três angulos, o rapaz boa vida que perde a fortuna nas mesas de jogos, a mulher adultera e o capataz ambicioso.

Moral em Concordata, filme de 1958, com Odete Lara e Maria Della Costa, baseado na peça de mesmo nome, mostra a moral entre irmãs, uma amante e a outra dona de casa. Sonhando com Milhões, com Odete Lara e Dercy Gonçalves, baseado na peça Moeda Corrente no País, a moral vem ao encontro de um funcionário público honesto. E, o filme Dona Violante Miranda, novamente com Odete Lara e Dercy Gonçalves, ambas amigas do autor, é a melhor ou a mais contundente peça do Abílio, foi escrita para Dercy Gonçalves, que faz jus ao texto. A moral aqui se apresenta numa casa de tolerância e homens de moral ilibada.

Como podemos ver não temos como fugir do tema MORAL, algo tão difícil nos dias de hoje, talvez aí reside o por que de ser um autor esquecido.

A última vez que me lembro de ter ouvido falar numa peça dele, já faz quase uma década, os alunos do Macunaíma iriam encenar várias peças de despedida do curso e uma delas era Santa Marta Fabril S/A, peça que a Odete Lara brilhou nos anos 50. Não pude assistir, tinha que trabalhar, perdi. E nunca mais tive o previlégio de ver uma de sua peça encenada.

Como já disse a moral é o mote principal de todas elas, nos filmes fica evidente a moral que rege o momento que foi escrita ou filmado, mas pra surpresa geral nada mudou, continua a mesma coisa. O brasileiro continua o de sempre. Se pegarmos qualquer situação das peças dele e discutir com jovens, adultos e velhos teremos o mesmo resultado, temops que preservar a moral e os bons costumes.

Um funcionário público seria idiota se não aceitasse a oferta para arquivar um processo, a mulher que sofre deve mudar de vida e ter alguém que paga suas contas, um fincionário dedicado deve aproveitar as chances que aparece, e casar com a filha de uma cafetina não há nada demais, todos poderia concordar em maior ou menor grau, mas quando deixa de ser o outro a praticar isso e passamos a ser nós, tudo muda. Não!, eu não tenho nada contra quem faz, mas não teria coragem, o que os outros vão pensar, etc.

As opiniões nessa hora muda completamente, temos dois julgamentos, a nosso respeito e a respeito alheio, nunca nos enxergamos nos outros, somos sempre nossos mesmo espelho.

Nelson Rodrigues é discutido em verso e prosa por expor a família de uma forma crua e nua nos contos e peças. Abílio Pereira fez o mesmo, mas não com a família e sim com cada um de nós, com aquilo que imaginamos ser para os outros e nunca para nós mesmos.

Procurar paças editadas dele nas livrarias é coisa de lunático ou melhor de saudosista, resta a alguns curiosos como eu o prazer de ver aos filmes branco e preto e admirar a beleza eterna da Odete Lara e a graça irreverente da Dercy Gonçalves.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Crônica das enchentes anunciadas


“Crônica de uma morte anunciada”, é assim que deveria ser chamado as tregédias que ocorre todo verão por causa das chuvas. Não me lembro de nenhum verão sem ter nenhuma destruição, soterramento, alagamento, inundação, etc. Todo verão é a mesma história, e os políticos sempre com a mesma cantilena.
De fato há algo de errado, não com as tragédias que ocorrem todos os anos por causa das chuvas intensas, mas como encaramos o fato. Geralmente justificamos a tragédia como acidente, etc. Sim, é um acidente, causado por fatores que fogem do nosso controle, entretanto a controles que não estamos fazendo!
Primeiro: em cada cidade existe homens preparados, ou quase isso, para exercer cargos importantes e de grande valia para a população local. Claro que nenhum político é um super-homem para resolver todos os problemas, mas não devemos esquecer que são pagos para sanar grandes partes deles, antes que o mundo vem abaixo.
Segundo: como a população é sempre esquecida, acho que está na hora das eleições mudar de data, mês de outubro e novembro não é muito boa, não! Sugiro que seja transferida para janeiro ou março, no mais tardar em abril. Calma, paciênte leitor, explico melhor: O inicio do ano é perfeito, pois temos que pagar vários impostos, IPVA, IPTU, e contas e mais contas!, alé das tragédias que se repete todo final de ano. Isso deixara deixará a mente do eleitor fresquinha como alface no inico de feira.
Não que isso seja uma panacéia, e com certeza os políticos mudariam o discurso, mas ficaria evidente o que dizem e o que está acontecendo ao redor. Pense bem, mês de outubro ou novembro não são meses chuvosos, não temos muitas contas a pagar e o ano quase todo se foi com os benditos programas eleitorais gratuitos.
Terceiro e último, ufa!, explicando o porque deveria se chamar ‘crônica de uma morte anunciada’, todos nós sabemos que vai ocorrer, quando e porquê, mas nos tornamos incapazes de fazer algo para mudar.
Gabriel Garcia Marquez nunca pareceu tão realista como no inicio desse ano, tantas tragédias anunciadas, Ilha Grande em Angra dos Reis, São Luiz do Paraitinga e algumas eternas inundações que permeam as grandes cidades, será que teremos que viver eternamente sabendo como e quando vai acontecer e fingir que nada vai aontecer!

domingo, 3 de janeiro de 2010

NELSON RODRIGUES DE VESTIDO


Domingo, inicio do ano, todos que conheço estão na praia, ao invés ficar de bode, apesar de ser capricórnio, resolvi escrever. Muitas coisas irrelevantes passam pela cabeça.

De súbito vem o vestido da discórdia em minha mente, mas será por que o vestido da Uniban me pegou de assalto dessa forma, não uso vestido e também não está nos meus planos de usar um, e pior se for igual aquele, em momento algum da minha vida e nem nas próximas encarnações, porque se existe uma coisa boa é nascer homem, se aliviar em pé e em qualquer canto é uma das melhores coisas do mundo, só raspar da do pescoço pra cima também, mas deixando de lado as vantagens de ser homem, voltemos ao santo vestido.

Uma peça vulgar, sem valor, que pode ser comprada nas lojas do Brás, e convenhamos de extremo mal gosto, mas como gosto não se discute, resolvi esquecer o tal vestido e me preocupar com algo melhor.

Olhando meus pertences, encontrei o livro ‘O Anjo Pornográfico – A vida de Nelson Rodrigues’, que li em 1994, aos 15 anos de idade, minha fixação pela idade.

Juro que não imaginei o Nelson Rodrigues usando um vestidinho rosa como o da Geisy e muito menos ele estudando na Uniban e também não passou pela minha cabeça que a Geisy fosse leitora ou conhecesse o mundo rodriguiano.

Mas pensando bem, parece que ela foi tirada de uma das estórias do escritor. Uma suburbana, como dizem os cariocas da gema, em São Paulo ela é mesmo da periferia, para piorar da periferia do ABC, Diadema, que não entra na sigla, por que será?

Garota da periferia ou melhor suburbana, que na sua mais vulgar vivencia vê seu mundo se transformar por causa da moralidade brasileira.

Quem nunca leu Nelson Rodrigues acha que os livros dele é pura safadeza, promiscuidade e aberrações sexuais, ledo engano. Claro, ler a obra completa dele não é muito edificante, principalmente a fase ‘maldita’ do escritor. Sugiro a biografia escrita pelo grande Ruy Castro, que além de destrinçar a vida também o fez com a obra.

Mas deixando a vida do grande Anjo Pornográfico em paz, já que ele nunca usou ou pelo menos não usaria tal vestido, creio, voltemos a Geisy ou melhor a moralidade dos brasileiros.

Não vou ficar discorrendo sobre a obra do Nelson Rodrigues, vou me basear na peça ‘Otto Lara Resende ou Bonitinhas, mas Ordinária’. Quem já viu a peça, ou leu o livro, ou pelo menos viu o filme, lembra-se da frase atribuida ao escritor-jornalista mineiro Otto Lara Resende, “O mineiro só é solidário no câncer”, o mote principal do filme.

O correto seria ‘O brasileiro só é solidário no câncer’, somente quando a desgraça se avizinha é que nos unimos ou desagregramos de vez.

A comoção geral que o vestido causou mostrou que os mesmos valores descrito por Nelson na década de 60 com a peça ainda nos rege fortemente.

E não somente o brasileiro, o povo americano em geral, na peça ‘Gata em Teto de Zinco Quente, de Tennessee Williams, não difere muito. Agora complicou geral, o que tem a ver vestido da Geisy, com Bonitinha, mas Ordinária e Gata em Teto de Zinco Quente?

A Geisy, não é bonita como Elizabeth Taylor e Vera Fischer, atrizes que participaram dos filmes baseados nas peças. Geisy e as duas peças aparentemente não tem nada ver mesmo, mas voltamos a moralidade. Nas peças, o que se discute é a moralidade reinante.

Não seria viver de aparências, como muitos acreditam, mas valores que carregamos, que nos é legado de geração a geração.

Aceitar o vestido da discordia ou não, não é somente um ato de gosto ou preconceito, mas de valores. Muitos diziam aceitar o tal vestido, mas quando indagados se daria um vestido igual para filha, recusava usando as mais diferentes desculpas.

Legal, a filha dos outros tudo bem, as nossas não! Ou como a piada da diferença do viado para o homossexual – viado é o filho dos outros e homossexual o nosso. Assim é o brasileiro, aceita parcialmente tudo, é um povo sem preconceito, não moralista e festivo, onde tudo é carnaval!

Aceitar parcialmente as coisas, não é mais do que aceitar as mudanças para o alheio, mudar valores dentro de casa não pode para não ofender aos mais velhos ou a moral e os bons costumes. Nestas peças, brasileira e estadunidense fere nosso sentido de proteção, pois fere a instituição mais sagrada religiosamente e moralmente, a família.

Sendo eu brasileiro, nascido depois da ‘revolução sexual’, era digital, e tantos outros al, deveria achar normal alguém ter o mal gosto de vestir um vestido cafona e curto, mas o fato não está no gosto realmente e sim na falta de valores. Muitos dos valores morais deixaram de existir realmente, outros permeam nossas vidas, mas valores como etiqueta de vestir, ter educação, acredito que esses valores não precisa deixar de existir.

Vendo aos filmes baseados nas peças, fica evidente o que muitos classificariam como hipocrisia, mas me parece ser educação – realmente o dito popular está certo ‘ roupa suja se lava mesmo em casa’, e fora de casa deveriamos resgatar valores perdidos, um deles é como se vestir para determinadas ocasiões, isto está longe de ser hipocrisia ou moralidade canhestra.

Pra encerrar, o vestido da Uniban, um trecho do conto “O Homem da cabeça de papelão”, de João do Rio: “Cabeças e relógios querem-se conforme o clima e a moral de cada terra”.

30 RESPIRA e 1


Inicio do ano, 2010, estou empolgadíssimo!, por diversos motivos, primeiro é que recentemente passei dos trinta, agora como diz minha irmã, quando perguntarem pela minha idade tenho que responder: Tenho TRINTA, respirar e completar E 1, juro que não gostei!.

Outro motivo, é que cheguei a conclusão que já não estou tão novinho como gostaria de estar, ainda não fiz o que quase todos homens na minha idade deveria fazer, casar, ter filhos, enfim tudo o mais!

Comecei o ano preocupado com a idade, minha e dos outros, xeretando no Orkut encontrei um colega de escola que não vejo a uma década, juro que fiquei impressionado, ele está completamente diferente, claro, eu também estou, mas como sou ordinário vou colocar fotos para ver como está diferente mesmo, só que quando eu tirei as fotos deles em 1997, já havia pelos menos 4 anos que tinha perdido contato com ele.

Os cabelos se foram, a barriga cresceu, casou, tem filho, enfim ficou adulto. E eu por minha parte, ainda não casei, sem filhos, sem barriga e com os cabelos!

Será que terei somente o prazer de plantar uma árvore e escrever um livro???

É nesses instantes de bobeira que vemos que o tempo está correndo como um cavalo indomado pelas pradarias da vida.

Não tenho a ilusão de ser um eterno Peter Pan e também não gostaria mesmo, adquirir experiências é uma das melhores coisas da vida, mas isso poderia acontecer independente do tempo passar, quanto mais rápido achamos que ele está passando é aí que mais aprendemos, e deixamos de aproveitar melhor.

Será que um dia vou acordar e ver que nem essa força de homem possuo mais, que todos os meus iguais já se foram, e que novos estão ocupando todos os espaços?

Felizmente a vida é feita de escolhas, isso implica em erros e acertos.

A VIDA IMITA A ARTE


Vendo alguns clássicos, vejo que o buraco é mais em baixo. Deixando o romantismo de lado e vamos a análise:

Quem nunca assistiu o filme ‘Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard) de 1950, deveria fazê-lo o quanto antes, outro que também deveria ser obrigatório passar na sessão da tarde é o ‘O que terá Acontecido a Baby Jane?’ (What Ever happened to Baby Jane?), de 1962.

E o que tem essas duas tragédias a ver com o cidadão comum - nada, mas com as celebridades de ontem, hoje e sempre, tem tudo a ver. Mas nós reles mortais também somos importantes, pois assistimos todos os dias a derrocada de uma centenas delas.

Mas o restolho não me interessa, prefiro as de grande porte, tais como Suzana Vieira ou Simony, por exemplo.

Vamos destrinchar esses cadáveres televisivos. Uma atriz de outrora, sonha em voltar a brilhar novamente e no outro caso uma apresentadora-cantora mirim também sonha em voltar aos velhos tempos de glória. O que tem a ver com a Suzana-sem-noção-Vieira e com a Simony-pimpão. Aparentemente nada, nenhuma delas filmou em Hollywood, nenhuma merece que façam um clássico de suas vidas. Mas vamos para autópsia.

A Sem Noção, está sempre se apresentando em todos os programas como se ainda tivesse vinte e poucos anos, fazendo da vida pessoal uma sessão de episódios dignos de uma Norma Desmond, que ao invés de mostrar que está no auge da experiência, beleza, saúde e disposição, mostra que está velha, desesperançada ou seja em decadência total.

No outro caso, aparentemente não tem nada a ver mesmo, eterna menina Pimpão não está velha como Baby Jane, mas dias desses estava eu sapeando os canais e vi algo muito bonitinho, ‘Ursinho Pimpão’ sendo ressucitado. Já não basta o próprio Pimpão, agora vem acompanhado de filhotes. Retornando a infância na década de 80, ver o pimpão soltar a voz era muito bonito, mas hoje ver um pimpão velho e desesperado pra voltar a ser o que era é de morte, e o pior usando os pimpãozinhos.

No filme ‘O que terá acontecido a Baby Jane?’, tem a cena que ela se veste de Baby Jane-criança e canta ‘I’ve writte a letter to Daddy”, daqui a pouco vamos ter o previlégio de ver Simony vestida de garotinha do Balão Mágico cantando Usinho Pimpão.

Tem coisas que deveriam ficar bem resolvida na vida das pessoas, a idade é uma delas, para isso existem psicanalistas. Ambas ficaram presas na década de 80.

Uma tão boa atriz e a outra cantora, pena que deixaram de explorar o talento para tentar viver o que não existe mais.

P.S.: Os cadáveres foram meramente ilustrativos, nenhum deles sofreram maus tratos!

O MÁGICO DE OZ NÃO CUMPRE LEIS


Vendo ao filme ‘O Mágico de Oz’, em família, sempre surgem comentários engraçados. O filme é um clássico na maneira mais correta da palavra, em todos os sentidos.

Infelizmente se tornou um filme datado, não pelas imagens, que são de um futurismo brilhante. O que o transforma em um filme datado é a quantidade de ingenuidade contida nele, qualquer pessoa atenta vê várias atrocidades cometida do inicio ao fim do filme.

Uma garota, supostamente órfã, que é criada por um casal de tios velhos, aí entra o que conhecemos como ‘o netinho criado pela vovó’ – mimado, uma educação frouxa, isso se explica logo no inicio do filme quando a garotinha Dorothy entra assustada por que a vizinha velha e solteirona reclama por o cachorrinho Totó invade a sua propriedade, quando a vizinha vai reclamar os direitos a que a ela concerne, vemos uma falta de respeito, começando pelo Tio que debocha da vizinha, da Tia que tem vontade de falar 'certas coisas', mas como boa Cristã não pode, e da total falta de respeito da Dorothy.

Se achando injustiçada Dorothy resolve fugir, pouco se importando com ninguém, um ato de extremo egoísmo, encontra um charlatão, que é bom caráter, só em filme mesmo.

Como um tufão se aproxima, todos da fazenda se abrigam, mesmo preocupado com o sumiço da garota, entram no abrigo e dane-se a pobre Dorothy.

Aí, começa a parte mágica da história, o desejo mais íntimo da Dorothy vem à tona, ou seja, de matar a vizinha rabugenta, que no mundo de Oz é representada pela Bruxa. Dorothy provoca o acidente que leva a óbito a Bruxa má do Leste, um crime culposo, onde não se tem intenção de cometer o ato. Na terra mágica ela é glorificada por cometer tal ato, independente se a Bruxa é má ou não, não podemos glorificar um ato extremo desses.

Dorothy impressionada vê aparecer a Fada do Bem, que de bem não tem nada, está mais pra Sa-Fada, explico:

Ao matar a Bruxa, a irmã ‘mais malvada’ como futrica a Fada Boa, reclama pelo ocorrido, e vai pegar os sapatinhos vermelho, que por direito é dela, já que a Bruxa morta não deixa herdeiros direto, mas nessa hora a Fada Boa furta o sapatinho e coloca no pé da Dorothy.

Além de fazer terror psicológico, roubo, formação de quadrilha e corrupção de menores, isto tudo em uma cena.

A Bruxa malvada luta o tempo todo pelo que é de direito dela. No final do filme a Bruxa tem sua moradia invadida por um bando, constituindo em invasão de propriedade, e é assassinada pela doce e inocente Dorothy, novamente utro culposo, mas nesse caso demos um desconto já que ela agiu em legitíma defesa de um amigo. Dorothy virou definitivamente uma assassina!

Como se vê os Bons e os Maus usa do mesmo artifício, a diferença é que a Bruxa é orgulhosa, a Fada é Vaidosa, ambas usa do mesmo expediente para obter aquilo que quer, mentira, manipulação, falta de escrúpulo, e sigilo de informação.

Se a Dorothy fosse cria dos tempos modernos iria analisar tudo isso, ao invés de sair feito uma boba pela estrada de tijolos amarelos iria negociar, quem iria fazê-la voltar para casa teria o sapatinho vermelho, nada mais justo. Devemos abrir licitação para obter algo a preços justos e condições vantajosas. Mas Dorothy sofre de um grande mal, o Deslumbramento, mal de todas as pessoas simplórias.

Passou-se 70 anos do lançamento do filme, e muitas coisas de lá pra cá não mudaram, existem os Vaidosos, os Orgulhosos e os Deslumbrados.

A Bruxa tem orgulho pela inteligência e maldade; a Fada é pura vaidade, vive de aparências, isso fica evidente quando ela explica a Dorothy que existe Bruxa Boa e Bruxa Má, as Boas são bonitas diferentes das Más. Já a Dorothy do inicio ao fim do filme não passa de uma garotinha deslumbrada, que acredita em tudo, que tem a ilusão que o mundo é como ela gostaria que fosse.

Ao assistir ao filme fiquem atentos com a quantidade de abusos as leis, e depois imaginem como seria o filme respeitando as leis, e bom divertimento!



Algumas fotos amareladas pelo tempo, muitas lembranças, experiências adquiridas e com fôlego para novas.
Cada marca de expressão na minha face foi adquirida não por desleixo e sim pela inflexão do tempo, inimigo dos jovens. Gosto de estar como estou hoje, sentindo o peso do tempo, sem direito a cometer os mesmos erros comigo e com outros, ter de acertar sempre, agradar a todo instante, ser responsável, bom filho, bom namorado, bom profissional, ter que acertar as expectativas alheias. Tudo isso me agrada muito. É o preço de ser adulto, independente, inteligente. Mas o fato de seguir muitas vezes as regras não me faz um frustado, culpado por negar tudo que muitas vezes gostaria de fazer, ou simplismente um cara resignado. Estou feliz, tudo que tenho está dentro de mim, o que faço ou represento, como as pessoas gostam, está fora, nada pode mudar as coisas boas que venho adquirindo ao longo do tempo, pessoas, sensações, emoções, verdadeiras amizades de ontem, hoje e sempre.
Sou um conjunto de experiências, que todos ao meu redor me ajudaram ter.
Quando se passa dos 30, não temos mais tempo pra brigar com ninguém, querer mudar o mundo e muito menos querer que os outros mudem para nos agradar.