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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

MORAL DE ONTEM E SEMPRE


Abílio Pereira de Almeida

Sei pouco desse autor teatral, estou em vantagem, a grande maioria nunca ouviu falar dele, e o pior, grande parte dos novos atores também não.

Será que era um autor tão ruim assim, ou datado, ou não merecesse ser lembrado pós morte. Nada disso, tuas peças não envelheceram, alguns assuntos sente o peso da poeira, nada mais.

Não sou ator, nunca vi uma peça dele ser encenada, e muito menos li qualquer coisa que ele tenha escrito. Então como posso estar aqui escrevendo a respeito do que não conheço.

Não se esqueçam que sou cinéfilo, e para piorar a situação, sou fascinado pelo cinema nacional. Bingo!, pra quem não adivinhou, vou contar, bem baixinho, pra virar segredo: Eu vi filmes baseados nas peças dele!

Agora que vocês sabem desse meu segredo, vou contar os nomes dos filmes: “Terra é Sempre Terra, Sonhando com Milhões, Moral em Concordata e Dona Violante Miranda”.

As peças do Abílio Pereira de Almeida, está interligada pela moral, ou melhor, até onde a moral existe para nos beneficiar. Terra é Sempre Terra, filme dos Estúdios Vera Cruz, filmado em 1951, baseado na peça Paiol Velho mostra a moral ou a falta dela, de três angulos, o rapaz boa vida que perde a fortuna nas mesas de jogos, a mulher adultera e o capataz ambicioso.

Moral em Concordata, filme de 1958, com Odete Lara e Maria Della Costa, baseado na peça de mesmo nome, mostra a moral entre irmãs, uma amante e a outra dona de casa. Sonhando com Milhões, com Odete Lara e Dercy Gonçalves, baseado na peça Moeda Corrente no País, a moral vem ao encontro de um funcionário público honesto. E, o filme Dona Violante Miranda, novamente com Odete Lara e Dercy Gonçalves, ambas amigas do autor, é a melhor ou a mais contundente peça do Abílio, foi escrita para Dercy Gonçalves, que faz jus ao texto. A moral aqui se apresenta numa casa de tolerância e homens de moral ilibada.

Como podemos ver não temos como fugir do tema MORAL, algo tão difícil nos dias de hoje, talvez aí reside o por que de ser um autor esquecido.

A última vez que me lembro de ter ouvido falar numa peça dele, já faz quase uma década, os alunos do Macunaíma iriam encenar várias peças de despedida do curso e uma delas era Santa Marta Fabril S/A, peça que a Odete Lara brilhou nos anos 50. Não pude assistir, tinha que trabalhar, perdi. E nunca mais tive o previlégio de ver uma de sua peça encenada.

Como já disse a moral é o mote principal de todas elas, nos filmes fica evidente a moral que rege o momento que foi escrita ou filmado, mas pra surpresa geral nada mudou, continua a mesma coisa. O brasileiro continua o de sempre. Se pegarmos qualquer situação das peças dele e discutir com jovens, adultos e velhos teremos o mesmo resultado, temops que preservar a moral e os bons costumes.

Um funcionário público seria idiota se não aceitasse a oferta para arquivar um processo, a mulher que sofre deve mudar de vida e ter alguém que paga suas contas, um fincionário dedicado deve aproveitar as chances que aparece, e casar com a filha de uma cafetina não há nada demais, todos poderia concordar em maior ou menor grau, mas quando deixa de ser o outro a praticar isso e passamos a ser nós, tudo muda. Não!, eu não tenho nada contra quem faz, mas não teria coragem, o que os outros vão pensar, etc.

As opiniões nessa hora muda completamente, temos dois julgamentos, a nosso respeito e a respeito alheio, nunca nos enxergamos nos outros, somos sempre nossos mesmo espelho.

Nelson Rodrigues é discutido em verso e prosa por expor a família de uma forma crua e nua nos contos e peças. Abílio Pereira fez o mesmo, mas não com a família e sim com cada um de nós, com aquilo que imaginamos ser para os outros e nunca para nós mesmos.

Procurar paças editadas dele nas livrarias é coisa de lunático ou melhor de saudosista, resta a alguns curiosos como eu o prazer de ver aos filmes branco e preto e admirar a beleza eterna da Odete Lara e a graça irreverente da Dercy Gonçalves.

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