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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ONDE ANDARÁS SÍLVIO JÚNIOR?



Muitos não há de lembrar-se desse ator, ele não participou de nenhum clássico popular, os filmes que ele trabalhou nunca passou na sessão da tarde e muito menos quem o viu em cena não foi junto com os pais.

Então o porque do interesse de saber o paradeiro desse obscuro ator?

Não se trata dele em si, mas do que ele carrega junto de si. Não é nenhum tesouro, muito menos segredos que interessa a toda humanidade, então o porque de ser dele?

Sílvio Júnior foi um dos galã da Boca do Lixo, cinema praticado no Brasil nas décadas de 70 e 80, mais precisamente galã da chamada fase Explícito da Boca do Lixo, iniciada com o filme “Coisas Eróticas”, de 1981.

Cinema da Boca do Lixo, era localizado no bairro da Luz, local do baixo meretrício de São Paulo, como nas ruas desse bairro tinha uma gama grande de produtoras de cinema, o cinema feito lá passou a ser chamado dessa forma. Na década de 70, no auge da repressão militar a valvula de escape era os filmes eróticos, que eram feitos pelas produtoras, com baixo custo e que rendiam muito, ficou conhecido como ‘pornochanchada’.

Já a década seguinte o cinema deixou de ser erótico e passou para o explícito, graças a filmes como ‘O Império dos Sentidos’ e ‘Calígula’, filmes tidos como filmes de artes.

O cinema brasileiro ficaria marcado como filmes de péssima qualidade e sujos, não que antes fosse diferente, mas o preconceito se acirrou e só com a retomada do cinema nacional na década seguinte com o filme ‘Carlota Joaquina, a Princesa do Brazil’, de Carla Camurati e com o filme ‘Qu4trilho’, de Fábio Barreto, o filme brasileiro voltou a ser querido novamente pelo público brasileiro.

Passado a euforia do cinema erótico brasileiro, muitas atrizes passaram a odiar tais filmes, e fazem de tudo para esquecer que fizeram parte dessa fase do cinema. Um dos poucos a lançar luzes sobre essa fase é o diretor de cinema Alfredo Sternheim, no livro ‘Cinema da Boca – Dicionário de Diretores’, e o diretor Ozualdo Candeias, no livro ‘Uma rua chamada Triunfo’. Ambos os livros focam o período anterior ao explícito da década de 80.

O Explícito brasileiro durou praticamente uma década, no início da década de 90, com o fim da Embrafilme, empresa estatal, o cinema brasileiro como um todo foi a bancarrota.

Em 1995, surgiu a produtora Brasileirinhas, produzindo filmes pornos de péssimas qualidades, sem estórias e com atores e atrizes que não passam de máquinas de sexo sem sentido.

Quem já viu um filme explícito brasileiro produzido na década de 80 sabe que tinha certas qualidades se comparando com os produzidos apartir da década seguinte.

O fato não é a qualidade dos filmes em si, o que me chama atenção é o pudor como o assunto é tratado, os dois livros deixa claro que o cinema práticado na década de 80 pelas produtoras é pura e simplismente comercial e que todos devem esquecer como produto menor.

Sílvio Júnior não foi o único dessa fase do cinema a ter sumido, outros faleceram, seguiram caminhos tortuosos na vida. Walter Gabarron faleceu de câncer, Eliana Gabarron virou evangélica e outros tantos seguiram rumos não sabidos.

Essa época do cinema brasileiro é pouco ou nada documentada. A Imprensa Oficial, tem lançado livros com o intuito de documentar a vida cultural brasileira através de depoimentos.

Fico a pendar, o porque não deixar o preconceito de lado e tratar o assunto seriamente. Um dos poucos lançamentos a respeito de quem viveu essa época é justamento o diretor Alfredo Sternheim que já citei e o ator David Cardoso, que participou ativamente como diretor e produtor de filmes explícitos. Ele faz questão de colocar uma virgula nesse período e seguir adiante.

José Augusto Iwersem seria a pessoa indicada para entrevistar atores, diretores e produtores, já que é um estudioso dos bastidores dos filmes de sexo explícito daquela época.

Ignorar um movimento cultural é excluir uma parte da história, querer romantizar e condicionar a verdade. Se existiu, deve-se ter olhar crítico e analisar todo o contexto sem julgamentos.

Querer saber onde anda o ator Sílvio Júnior, o Silvio Pelicer Filho, é tirar um ranço de cima de uma parte viva da história, que todos fingem que não existiu.

16 comentários:

  1. Pelo que eu li outro dia o ator David Cardoso disse que ele faleceu

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  2. Silvio Junior, faleceu a muitos anos em São José do Rio Preto, Estado de São Paulo.

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  3. O meu amigo Silvio Junior, morreu por volta de 1993/94 em São José do Rio Preto
    S.P. se não me falha a memória ele morava no bairro da vila Anchieta no começo da rua 25 de Janeiro ou rua Tenerife.

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    1. Fico agradecido por saber, é uma pena, trabalhava bem e seria interessante um livro resgatando a memória desse período

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Eu conheci o Silvio Junior em 1990 em Porto Seguro -BA .Eu era locutor de campanha eleitoral e ele fazia show ara o mesmo candidato .Era um cara gente boa .Depois disso nunca mais tive contato.

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  6. Tenho um parentesco com ele. Sim, ele faleceu há uns 20 anos aqui em São José do Rio Preto-SP. Sílvio contraiu o vírus HIV e morreu em decorrencia da doença.

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  7. Eu sou o Antônio Rodi! atuei em vários filmes com meu grande amigo e companheiro Silvio Junior. me casei, fui morar no norte do Paraná nunca mais soube notícias do Silvio

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  8. Olá amigo sou o ator Antônio Rodi amigo e quase irmão do Silvio Junior fiquei muito triste em saber que ele faleceu atuei em vários filmes com o Silvio

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    1. Vc é o Adão de Male, Female & Co. (A Vida Erótica de Caim e Abel. Esse filme marcou minha adolescencia nas sextas feiras de cine prive na band. Com todo respeito Antonio Rodi, mas vc é uma delicia!!!

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  9. O mais triste é que Silvio Junior ou Silvio Pelicer Filho(nome de batismo) virou nome de uma estrada Rural de São José do Rio Preto e se procurar no google não se acha mensão nem no wikipedia sobre a vida ou quem tenha sido.

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  10. Antônio Rodi em que cidade vc está morando. Eu sou do Paraná. Tenho todos os seus filmes

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  11. Meu muito obrigado a todos os atores desses filmes.Saudades muitas saudades...

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