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domingo, 25 de maio de 2014

PUÇERA OU O PODER DAS PALAVRAS

Depois de um dia de trabalho voltando para casa me deparei com uma cabine onde havia uma placa com alguns dizeres e uma palavra estava escrito de maneira incorreta: Puçera!
Parei e fiz menção de tirar uma foto e publicar na internet para fazer graça, só que ao ver que a cabine pertencia a um senhor de barba fiquei com vergonha de querer fazer graça com algo tão bobo, que desisti na mesma hora. Afinal erros de português todos cometeram e com que direito tenho eu de julgar a forma como aquele senhor se comunica. Já que vi o erro poderia ter feito uma placa nova e explicar o erro e dar a sugestão de troca. Não o fiz, nem uma coisa e nem outra, afinal nada disso me diz respeito, continuei meu caminho cuidando da minha própria vida, deixando a vida dos outros para lá.
Esse jogo de consciência foi desperto graças ao vídeo que havia recebido dias antes sobre o conto “O Cego e o Publicitário”. Afinal, comunicação é o ato de expressar algo e o outro entender, fácil assim!

O CEGO E O PUBLICITÁRIO

Havia um cego sentado na calçada em Paris, com um boné a seus pés e um pedaço
de madeira que, escrito com giz branco, dizia:
" Por favor, ajude-me, sou cego ".
 
Um publicitário, da área de criação, que passava em frente a ele,
parou e viu umas poucas moedas no boné.
Sem pedir licença, pegou o cartaz, virou-o,
pegou o  giz e escreveu outro anúncio.
Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora.

Pela tarde o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola.
Agora, o seu boné estava cheio de notas e moedas.
O cego reconheceu as pisadas e lhe perguntou se havia sido ele
quem reescreveu seu cartaz, sobretudo querendo saber o que havia escrito ali.
O publicitário  respondeu:
" Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras ".
Sorriu e continuou seu caminho.
O cego nunca soube, mas seu novo cartaz dizia:

"HOJE É PRIMAVERA EM PARIS E EU NÃO POSSO VÊ-LA"

sexta-feira, 23 de maio de 2014

IMAGINA NA COPA!

Oh frase maldita, que vem martelando em meus ouvidos! Toda vez que acontece algo um anencéfalo profere essa frase idiota como se para expressar preocupação como o Brasil será visto pelos “gringos” e se esse espetáculo do futebol mundial fosse à coisa mais importante do mundo. Afinal é só um torneio de aproximadamente um mês e que daqui a quatro anos será em outro lugar.
Ao ouvir a tão malfadada frase vem outras em minha cabeça – ‘pra morrer basta estar vivo’, ‘país rico é país sem pobreza’, e outras pérolas do gênero, cunhada por algum imbecil que não quer dizer nada e usa frase de efeito como no programa humorístico “Zorra Total”, ‘sem pé nem cabeça’ ficando o ‘samba do crioulo doido’.
Preocupação zero se a Copa será um bom espetáculo, o negócio é usar uma muleta para poder criticar e jogar a culpa pela ineficiência da educação, saúde, transporte e tudo o mais. Não vejo ninguém se dispondo a ajudar uma clínica de repouso de idosos, hospitais, instituições de caridade, só servem para reclamar e criticar.
Conhecendo o brasilário – sei que será necessário feriado nos dias de jogo do Brasil e telão espalhado pela cidade para ver o jogo e talvez algum espetáculo de música para amainar os ânimos e tudo acabar em festa.  
É para terminar cito Nelson Rodrigues:

"O brasileiro não está preparado para ser 'o maior do mundo' em coisa nenhuma. Ser 'o maior do mundo' em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade."


"O povo é um débil mental. Digo isso sem nenhuma crueldade. Foi sempre assim e assim será eternamente."

quinta-feira, 22 de maio de 2014

SENÃO...

Durante duas décadas tive algumas experiências em setores trabalhistas diferentes, de contabilidade à farmácia, segurança pública à privada e diga de passagem bem privada mesmo como diria Danilo Gentili. Em todas essas experiências tive a primazia de pedir demissão, em uma das Empresas que tive a oportunidade de trabalhar cheguei a fazer acordo e continuar trabalhando e nesse tipo de acordo há a devolução de quarenta por cento do fundo de garantia, um acordo entre cavalheiros.
Esse tipo de transação não é algo correto, uma maneira de burlar as Leis trabalhistas e o governo e todos saem ganhando de alguma maneira, o funcionário por sacar o fundo de garantia e o patrão por ganhar os quarenta por cento desse mesmo fundo.
Durante alguns anos trabalhei com uma mulher que desde o inicio de suas atividades se destacou pela qualidade do seu trabalho, uma pessoa atenciosa, anotava todas as dicas que lhe era passada e sempre pró ativa, o sonho de qualquer empregador. Mas tudo um dia finda e com essa funcionária não foi diferente. Como havia prestado concurso público lá se foi essa grande funcionária, porém para não prejudicá-la resolveram fazer o acordo ao invés de ter que pedir demissão e assim todos sai ganhando.
Seria bom se fosse verdade, na hora da devolução dos quarenta por cento acabou não acontecendo e a confusão foi armada, os ânimos se alteraram e a indignação se fez presente.
Nada do que aconteceu me deixou de cabelos em pé, em parte pelo “jeitinho brasileiro” de levar vantagem em tudo e tanto faz que um dia se escracha. E, também como são as relações patrão-trabalhador no dia a dia. Muitos funcionários descontentes aprontam tudo que pode até não poder mais e são mandados embora e sacam o fundo de garantia integralmente e recebe o tempo de casa, deixando para trás rastro de sujeira que outros são obrigados a limparem.  E se baseando nessas pessoas que aprontam todas até conseguir o que querem e no final se dão bem não achei absurdo a não devolução dos quarenta por cento do fundo de garantia.
Honestidade foi à palavra que mais ouvi nesses dias por causa da não devolução, e quando um mau funcionário age de maneira errada até serem despedidos também não são honestos e isso acontece continuamente e não causa celeuma como foi o caso da funcionária.

No ‘frigir dos ovos’ não sou a favor de nenhum dos dois casos, creio sim que devemos levar em consideração o histórico de cada funcionário e ser imparcial para que não haja injustiça, onde um  mau funcionário acaba tendo mais benefícios que um bom funcionário. 

domingo, 18 de maio de 2014

SEM TEMPO E ESPAÇO...

Há muito tempo havia deixado a literatura de lado, me preocupando somente com livros técnicos. Perdi o interesse pela leitura, comecei a ler “Um Dia”, de David Nicholls e abandonei a leitura na metade do livro, perdi o interesse. Em parte pela adaptação cinematográfica que superou o próprio livro e pela falta de interesse próprio.
Depois disso enterrei de vez a leitura de romances passando a me dedicar somente a livros técnicos, revistas e jornais. Mas algo aconteceu depois que assisti ao filme “Onde a Terra Acaba (2002)”, de Sérgio Machado, apaixonei pelo personagem principal, o diretor do grande filme “Limite (1931)”, o mítico Mário Peixoto.
A primeira vez que assisti ao filme “Limite” tinha havia ficado impressionado com a imensidão e vazio existencial que o filme me provocara. As imagens, a música e algumas sequências que não havia entendido e até mesmo os fragmentos danificados tinha causado um sentimento de perda, abandono, entrega, um vazio existencial.
Ao assistir o documentário do Sérgio Machado pude conhecer melhor o diretor da obra-prima máxima do cinema brasileiro e me deparei com um personagem incrível, rico e com uma força inimaginável. Durante o filme tornei-me amigo, cúmplice do Mário Peixoto. O mesmo já havia ocorrido ao assisti o material extra do DVD “O Cangaceiro (1953)”, de Lima Barreto, onde em uma entrevista fiquei encantado. Dessa vez não só a admiração fez-me refém, algo inexplicável aconteceu como se fôssemos amigos de longa data, e depois de vários anos encontrasse-o ao virar a esquina.
Durante o filme pude experimentar novamente a sensação de ler “Macunaíma” de Mário de Andrade, sem tempo e espaço, livre como se a qualquer momento pudesse transpassar a barreira do imaginável e entrar no filme tal qual o filme do Woody Allen “A Rosa Púrpura do Cairo (1985)”.
Ao ver o filme fiquei curioso com um livro que o diretor lançara na década de trinta e que anos mais tarde reeditaria e lançaria. Pesquisando na seara da internet encontrei um exemplar numa Sebo no centro da cidade. Não resisti e no dia seguinte fui até a loja de livros antigos e adquiri o mesmo e não me fiz de rogado e comecei a lê-lo no mesmo instante.
Fiquei impressionado logo com o título “O Inútil de Cada Um – trecho de diário – O ruído persegue”, tal como o autor o livro é emblemático. A leitura é como o filme “Limite”, grandioso nas pequenas coisas, no que não se vê. É uma obra para sentir, cada descrição é única, infinita, solta no espaço, ao lê-las sinto escapar entre os meus dedos, fluído que se perde.
 Ao fim de cada capítulo tenho a sensação de estar novamente lendo o livro “Água Viva (1973)”, de Clarice Lispector ou assistindo ao filme “O Som ao Redor (2012)”, de Kléber Mendonça, algo intangível se apodera e perco minhas forças e impassível sou possuído pelo personagem e vivo cada lembrança como se a mim pertencesse.

A cada capítulo torno-me cúmplice do personagem, do autor, de todo o universo que rodeia ambos, onde tempo e espaço se funde e não sei mais dizer quem sou eu, qual vida me pertence e qual eu devo seguir, sonho e realidade é uma coisa só. E assim sinto-me amigo do diretor/ escritor Mário Peixoto. 


sábado, 10 de maio de 2014

A VOZ DOS COVARDES

Vinte anos depois e o que deveria ser uma catarse, uma libertação de velhos fantasmas. No entanto, os fantasmas do passado voltaram e me assombrar.
Recebi notícias não muito agradáveis a respeito de tão malfadado texto, e no mesmo momento pensei em excluir e fingir que nada havia acontecido, mas fechar a porta de uma casa em chama não apaga o fogo decidi deixar o texto como fora publicado, mesmo não concordando com o teor como foi escrito e assim fui tomado pela honestidade de como foi concebido e coloquei ponto final.
O assunto me incomodou deveras e refleti a respeito e cada vez que pensava sentia meu estômago embrulhar, minha alma gelar e uma raiva se apoderar. Nada que estava escrito era novidade e ao escrever fiz de espontânea vontade e sabia de antemão que deixaria de pertencer a mim. O que me deixou extremamente irritado foi como, onde e por quem o texto fora utilizado. Aproveitar o que dissera de maneira covarde e com segundas intenções para atacar outros, fazer chacrinha.
Escrevi e não nego nada do que coloquei em cada linha, só não concordo ser “a voz dos covardes”, que não tem coragem de dizer o que pensam e utiliza de artifícios escusos.
Sinto gosto amargo na boca de ver outros fazerem ‘bonito com chapéu alheio’ de maneira porca e sem um mínimo de consideração, sem pensar nas consequências dos atos. O mesmo pode ser dito a meu respeito.
Escrever o que aconteceu comigo durante um período da minha vida não reflete a realidade definitiva, entre o fato e a lembrança existe a “linha de sombra” como no livro de Joseph Conrad, outras verdades não poderia contá-la por não me pertencer e no texto não citou o período historio, antes e durante para que tudo aquilo acontecesse. Foi um período conturbado para todos, não tiro minha responsabilidade, fui imaturo, etc, etc e tal.

Não vou usar esse texto para desculpar de algo que não tenho arrependimento de tê-lo feito e muito menos querer desculpar a falta de tato alheio. Nesse ínterim ficou evidente a falta de caráter alheio ao fazer uso de algo há que não lhe pertence de maneira tão indigna e o pior dei azo ao azar!