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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Um pouco de infantilidade


Sinto uma felicidade infantil ao terminar um trabalho ou um texto que eu gosto, seja o trabalho mais fútil ou o texto mais mau escrito e cheio de erros, fico feliz como se fosse uma obra prima. Minha vaidade vai a mil por hora, volta a ter seis ou sete anos, quero falar, exibir, mostrar o quanto estou contente.
Durante essa catarse chego a esquecer que faço parte de um digníssimo grupo, o dos adultos. Mas dura pouco, sempre tem um adulto por perto para me lembrar o papel ridículo que estou fazendo, apontam as minhas falhas e que já não tenho idade para certos arroubos.
Algumas vezes fico chateado pela infantilidade e imaturidade em querer dividir o meu momento pueril, de grande despojamento dos códigos que foram criados para cada idade.
Infelizmente tenho aprendido a guardar minhas pequenas felicidades comigo, criando segredos, inventando meios de não deixar os adultos de plantão perceberem meu momento de glória infantil. Represo cada emoção que tenho com minhas criações, que as vezes transborda me fazendo rir largo e solto deixando as pessoas ao meu lado com caras de patetas ou achando que estou beirando a loucura total, e se aventuram a me perguntar se está havendo alguma coisa, sempre dou uma resposta evasiva e continuo no meu momento único e criança abandonada.
De momentos como esse lembro do livro “A Linha de Sombra”, de Joseph Conrad, que fala a respeito da maturidade e suas vantagens e seu significado desagradável, contrário da inocência com seu charme e ilusões.
Concordo com os populares que dizem que não devemos deixar morrer a criança dentro de nós, viver eternamente na terra do nunca, sem piratas e crocodilos.
Afinal de contas “ame-me quando eu menos precisar, pois é quando eu mais preciso”, abram um sorriso para mim e veja minha felicidade como um resquício daquele menino que um dia foi e nunca mais o será.

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