Amigos personagens geralmente
aparecem onde menos se espera, já escrevi por duas vezes alguns que tive e
ainda tenho. Por vezes me deparo com algum livro ou filme que sinto certa
simpatia por algum personagem, tal como aconteceu com Marcelo Rubens Paiva,
Carlos Lodi, Volquimar Carvalho dos Santos, no caso dos dois primeiros são
pessoas vivas que não conheço pessoalmente e que me tornei amigo quando li o
livro deles e no caso da Volquimar fiquei amigo dela através do filme baseado
na psicografia do Chico Xavier, Joelma 23º andar. Também a o caso do jornalista
Otto Lara Resende, que fiquei amigo deste personagem através de dois grandes
escritores que eram amigos dele em vida, Nelson Rodrigues e Fernando Sabino, de
tanto ler estes dois escritores escreverem a respeito dele passei a tê-lo como
amigo personagem também.
Alguns personagens de filmes como
Holly Golightly, George Falconer ou o vagabundo Carlitos ganham a minha simpatia,
não chegando a exercer grande amizade como nos casos dos livros. Ultimamente
até vídeos do Youtube estão atraindo a minha amizade, como no caso do vídeo “Marcelo
Cabral e a Farsa do SBT”, por algum motivo fiquei compadecido pelo personagem.
Vendo o programa o rapaz não
aparenta o que faz profissionalmente, fiquei também admirado e ao mesmo tempo
me baixou um sentimento bom em respeito a tudo que ocorreu. Bom ator o rapaz é,
desempenhou perfeitamente o personagem criado no palco e por isso já granjeou
um lugar nos meus amigos personagens, ao lado de figuras conturbadas como o
ator Sílvio Júnior que também fora ator de filmes adultos. Mesmo não vendo em
cena deste tipo de filmes, o que me fez tê-lo como amigo personagem foi o fato
de fazer parte de uma engrenagem chamada mídia que usa e abusa das pessoas e
depois a descartam. O limiar entre a vida real e a fantasia me fascina e o ator
Marcelo Cabral ou Alexandro Saldanha Rocha representa bem esse universo, não
sabemos ao certo o que e em quem acreditar.
Como o universo de amigos
personagens geralmente acontece em livros, os dois mais recentes a figurar esse
panteão são dois personagens que de alguma maneira chamou minha atenção, inexplicável
o que vi neles, são dois personagens que se estivem vivos não figuraria nas
listas de amigos meus, mas que mortos ganharam uma aura, talvez em parte do
autor do livro humanizasse a ação desses personagens e também pelo limiar entre a loucura e sanidade, que
ambos apresentam. Esses personagens foram assassinados em São Paulo e figura no
livro “Dias de Ira – Uma História Verídica de Assassinatos Autorizados”, de
Roldão Arruda. Esse livro apresentou diversos personagens e situações e nenhum
outro personagem me cativou como o médico psiquiatra Antonio Carlos Di Giacomo
e do eletricitário Arnaldo Vieira Neves. Esses dois personagens durante o livro
foi o mais documentado e o autor fez análise crítica melhor de como cada um era
e vivia e isso fez com que sutilezas viessem à tona.
O que muitas vezes ocorre de
ficar amigo do autor dessa vez isso não aconteceu, Roldão Arruda é excelente
condutor, o livro é uma aula de sociologia, história e análise de um período
que infelizmente ainda está presente – morte sem solução. O personagem tão
pouco me inspirou afeição, não por ser um assassino, por faltar mesmo
profundidade e os demais foram personagens que não conseguiu prender minha
atenção.
De todos esses personagens pude
notar que todos tem em comum a linha divisória que separa o belo do feio, são
todos frágeis prestes a romper com a ordem estabelecida. E isso me atrai.
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