Algumas semanas atrás estava envolvido com vídeos do site Youtube, olhava
um e dava risada e passava para o próximo em busca de diversão e por um motivo
qualquer assisti um vídeo que falava de crimes ocorrido na década de oitenta em
São Paulo e em outro vídeo o assassino narrava friamente como havia matado um
médico. Já ouvira falar do caso que ficou conhecido como o “Maníaco do Trianon”.
O vídeo que assisti dava para
perceber que não era uma produção brasileira, a maneira dos atores difere
bastante de uma produção nacional, mas fiquei interessado pela história e vendo
o que estava sendo apresentado se baseava em um livro “Dias de Ira – Uma História
Verídica de Assassinatos Autorizados”, de Roldão Arruda, eu tratei logo de
procurar o livro, nas livrarias aparecia como esgotado na distribuidora, então
parti para os Sebos, que vende livros usados. Pesquisei primeiro pela internet,
no site “estante virtual”, fui a alguns Sebos que constava ter o livro e nada.
Até que encontrei em uma na Zona Oeste da cidade.
Comecei a leitura quando
retornava para casa, não desgrudei do livro um sequer minuto, queria saber tudo,
como aconteceu, o laudo médico, pericial, o lado psicológico do assassino, tudo
que pudesse descobrir.
Conforme a leitura foi-se
adiantando vi que nenhuma dessas respostas seria plenamente respondida, o livro
torna-se vago em muitos aspectos, não temos certeza de mais nada. O autor fez
um trabalho espetacular, buscou informações em tudo que foi possível e mesmo
assim não conseguiu fazer uma obra definitiva. Mesmo quando narra o encontro
que teve com o Fortunato Botton Neto não consegue elucidar a personalidade ou
os crimes, ficando reticências no ar.
Terminei de ler o livro com a
mesma certeza que tinha antes. Não matou minha curiosidade, o autor fez algo
melhor, fez com que recuasse no tempo e vislumbrasse uma época que deveria ter
morrido, ter virado história e que infelizmente ainda arde como brasa nos dias
atuais.
O livro é uma aula de sociologia,
explica como foi à década de oitenta para um grupo que ainda vive na
clandestinidade apesar da visualização que tal grupo tem hoje, mesmo assim
muitos ainda são vítimas de crimes de ódio ou outros crimes já que uma parcela
prefere viver no anonimato da sua vida particular para evitar preconceitos e estereótipos.
Recomendo a leitura do livro como
obra sociológica, para entendermos melhor a condição do homossexual na
sociedade e o perigo que corre quando nossas atitudes em classificar de certo
ou errado, como vi na televisão o pastor Silas Malafaia berrando palavras de
intolerância, que dois homens ou duas mulheres não podem produzir nada, então
que o casamento foi feito para homem e mulher. Casamento foi feito para quem quer ficar
juntos, simples assim.
Antigos preconceitos que ainda faz com que o
livro esteja mais atual do que nunca.
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