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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sangue em gotas


Não recordo a primeira vez que tive vontade de doar sangue, lembro que tinha por volta dos dez anos e já tinha vontade de fazer tal ação. Comentava-se na época que quem doava sangue ficava com o sangue grosso e teria que ser doador para o resto da vida.
Mesmo assim não ficava preocupado em ter que doar sangue para o resto de minha vida. Quando completei dezoitos anos pude então doar sangue pela primeira vez. Estava no Exercito e tinha que tirar sangue para exames e não consegui doar sangue, ocorrendo minha primeira doação meses depois.
No dia 28 de outubro de 1997, estava no Exército, foi pedido voluntários para doar sangue para a mãe de um Cabo que estava precisando de sangue por causa de uma cirurgia. Levantei a mão e peguei uma ficha e escolhi o Hospital das Clínicas, como muitos disseram só escolhi esse Hospital pelo nome da onde ele se localiza, Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, o que em parte foi verdade.
Quando cheguei a porta do hospital perguntei a um segurançazinho que estava parado como dois de paus, com cara de paisagem, onde ficava o ambulatório de doação de sangue, o cretino me olhou de cima a baixo e disse que eu não iria aguentar pois era muito magro. Tremi todo e mantive a coragem, tinha alguém precisando do meu sangue e não era um imbecil como aquele que iria atrapalhar uma vontade que tinha desde criança. Entrei, doei e a única coisa que me incomodou foi furar o dedo para exame, o resto normal, indolor e nada mais
Muitos mililitros de sangues nesses anos foram doados a pessoas que nunca poderei saber quem os recebeu, pode ser rico, pobre, seja lá quem for, o importante que receberam, seja em forma de sangue, plaqueta ou de outras maneiras.
Para que essas pessoas necessitadas recebam o tão precioso líquido, o doador muitas vezes tem que passar por uma odisséia para deixar 450ml nos bancos de sangue espalhados em diversos hospitais. Muitas vezes é feito de uma forma legal, ao contrário de outras. Algumas vezes quase saí correndo dos ambulatórios, não pelo medo das agulhas, pelas atendentes e suas perguntas cretinas.
Não vejo tanta necessidade para tais perguntas, já que não existe mais 'grupo de risco' e sim comportamento de risco. As benditas perguntas só classificam as pessoas em determinado comportamento. Não me importo com as tais perguntas, desde que a entrevistadora não seja como foi a da última vez que fui doar sangue. Arrogante, sem educação e sem um pingo de sensibilidade para fazer perguntas como aquelas. Infelizmente no Hospital das Clínicas não foi uma vez que profissional de tipo fez de uma entrevista investigativa um ato de grosseria.
Gosto de fazer perguntas também, saber o destino da bolsa de sangue, qual o processo até chegar o destino final, a utilização das plaquetas, para que serve e por aí.
Hoje não doou tanto sangue como doava no inicio, já não tenho paciência para aguentar as mesmas perguntas sem fundamento, principalmente por ser um doador com mais de 50 doações voluntárias. Sei o que pode e não para ser um doador, e cada vez mais vejo como é preconceituosa as perguntas e a arrogância do entrevistador.
Não vou ser canalha em ficar repetindo a falta de profissionalismo de alguns, existem os bons profissionais que faz a entrevista ser menos penosa possível, e é por pessoas assim que ainda não desisti de continuar doando sangue.

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