terça-feira, 9 de agosto de 2011
Cidade de DEM ou Sem Limites
A tempos perdi o costume de ver filmes na televisão e vez ou outra assisto um trecho e se muito algumas partes.
Domingo à noite, depois do Fantástico, começa o filme brasileiro “Cidade de Deus”, já havia assistido antes, alguns anos atrás. Sabia que era um filme barra pesada, sangue e violência para todo lado, fazendo com que o filme “Pixote – a Lei do Mais Fraco parecesse com filme infantil.
Quando vi pela primeira vez o filme do Hector Babenco fiquei impressionado com tamanha crueldade como crianças eram lançadas ao mar de lama da criminalidade.
Com o filme do Fernando Meirelles todos os outros parecem filmes sobre criança feito para criança se assustar e deixar de fazer besteiras.
A crueldade explode em cada cena, não existe momento algum do filme onde tem poesia, em cada cena que descortina em nossos olhos ficam uma sensação de angústia de saber que outros tantos na realidade seguem as sendas do crime.
Paulo Lins e José Louzeiro escreveram grandes obras, que mostra com toda crueldade a realidade de muitas crianças jogadas as margens da vida.
Entre os anos de 1981 e 2002, a violência aumentou assustadoramente, os filmes são um reflexo da mudança no contexto politico, sócio-cultural do país.
Coisas boas aconteceram também, no início da década de 90, houve a criação da ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que serviu para direcionar como as crianças devem ser tratadas, assegurando mais dignidade a quem muitas vezes não são amparadas como devem.
Quando era criança e algumas vezes pude acompanhar meu pai ao centro da cidade, via garotos que eram denominados de “trombadinha” - davam trombadas (encostavam) nas pessoas e levavam a carteira ou o relógio e saim correndo, para comprar ou trocar por drogas. Drogas essas que ainda não era o tão famoso crack de hoje, e sim cola de sapateiro ou esmalte, que ficavam inalando em plena luz do dia. Via essas imagens e ficava curioso o que era que eles estavam fazendo e para que serviam aquilo.
O tempo foi passando e durante toda a década de 90 essas crianças foram sumindo da rua, que foi logo ocupadas por “trombadões” que roubavam qualquer um a luz do dia. Não se via mais aquelas crianças inalando cola ou esmalte em sacolas próximas da boca e nariz, e andando feitos zumbis pelo centro velho.
A ECA foi um grande avanço para a cidadania dessas crianças, mesmo ainda termos problemas. Nessas décadas pude perceber uma melhora considerável e mesmo assim muito tem que ser feito ainda.
Pode parecer absurdo e realmente é, a Justiça do Rio de Janeiro proibir a exibição de um filme sérvio, só porque um partido político, DEM, viu apologia a pedofilia e outras barbaridades.
Ainda Não vi o conteúdo do filme do diretor Srdjan Spasojevic, mas na primeira oportunidade espero assistir, e também espero que o filme “A Siberian Film – terror sem limites”, seja mais forte que o nosso genuíno “Cidade de Deus” e que assuste mais que as imagens que os usuários de crack nos presenteiam nas ruas.
Talvez se os Democratas parassem de perder tempo com ficção e prestassem atenção a realidade as cidades teriam menos casos de violência e todos viveriam em paz e obras assim não representaria perigo para ninguém, talvez nunca venha a representar, somente para as mentes sujas.
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