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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Aluna Diletante

No final da aula a professora resolveu informar que as aulas práticas ainda não haviam sido confirmadas e que os alunos deveriam aguardara confirmação da Instituição.


Em um ato de pura honestidade gratuita resolveu explicar que não havia matéria prima e que isto aconteceu pela primeira vez, talvez por ter sido atraso na entrega ou mesmo no pedido.

Este arroubo peculiar de honestidade disse ainda que estivesse pensando em diminuir as quantidades de aulas práticas já que os alunos não estavam aproveitando como deveriam, tendo uma postura infantil brincando de “casinha”, todos querendo ver o produto final e não dando o devido valor ao processo envolvido. E a má postura dos alunos durante a aula prática, onde alguns fazem, outros conversam e outros nem participam ficando alheio ao mundo ao seu redor.

Essa não era a postura profissional que estava passando para os alunos, estava formando o profissional latente dentro de nós e não o de cada um técnico que irá executar o serviço. A nossa formação é para interpretar e entender todo o processo e mesmo nunca ter entrado num laboratório será capaz de fazer porque quem sabe faz, e que para executar qualquer técnico sabe fazer é só ler o roteiro e fazer diferente de entender como o roteiro fora feito.

Depois de quinze minutos de chamada de atenção a professora deu por finda a aula.

Só que a chamada de atenção não terminou com o fim da aula, a líder de turma ao passar pela professora disse que estava decepcionada com a atitude da professora em querer diminuir a quantidade de aulas de laboratório, só que a professora muito esperta disse que não era preciso que ela ficasse decepcionada e novamente chamou a atenção, só que dessa vez o discurso foi direcionado e a garota ficou com cara de tacho e não teve argumento não que ela tenha ficado calada, melhor se ela ficasse calada teria evitado escutar o que não gostaria.

E para finalizar o vexame que a líder estava passando perguntou se ela poderia lembrar o que havia feito no laboratório de outra matéria e a aluna só soube se desculpar e não respondendo nada que se aproveitava.

Infelizmente perdeu a chance de ficar calada e ouvir o que não gostaria, felizmente em vez de quinze minutos ganhou mais quinze de graça. Se já gostava da professora passei adorá-la, falou tudo o que é correto e no final fechou com chave de ouro.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O Beijo ou Rita Cadillac

Amigos personagens, alguns tirados das páginas de livros, estórias em quadrinhos, filmes ou mesmo personagens que existiram e alguns que ainda continua a existir.
Nada é impossível nessa aglutinação de personagens, todos fazem parte de um mundo à parte, não necessariamente eles precisam ser aquilo que espero deles, mas todo de alguma maneira tem que me cativar.
Uma dessas personagens que ainda vive é a tão insólita Rita Cadillac, ela mesma, a Chacrete, que sobreviveu as demais e ainda continua aparecendo aqui e acolá.
Já a tinha visto algumas vezes na televisão, não me lembro dela no programa do Velho Guerreiro, lembro de algumas vezes que ela participava de alguns programas entrevistando borracheiros, numa dessas entrevistas deitava numa roda de caminhão e mandava o japonês da oficina abrir os olhos. O tempo passou é quase nunca a via na televisão. Até que surgiu o filme “Carandiru”, a febre Cadillac voltou com tudo e programas vespertinos passaram apresentá-la quase todos os finais de semana e na época alguns shows foram agendados e alguns deles eu fui ver de perto tudo aquilo ao vivo e a cores.
Não me arrependi, ela é um mulherão com todos os predicados e adjetivos, faz jus a fama que tem – um verdadeiro Cadillac.
O que mais me impressionou nela não foi só o aspecto físico, foi a capacidade de conduzir um show com poucos elementos e somente ela no palco levar a turma de homens no recinto a loucura.
No teatro que se apresentara era uma espelunca da pior espécie, o tão conhecido e decadente Teatro Orion, situado na Rua Aurora reduto da prostituição do Centro Velho. Há garotas bem mais novas e que tira qualquer homem do sério, mas nenhuma com a força de Rita Cadillac.
Cantava, abaixava, puxava algum homem para o palco, fazia as brincadeiras de teatro rebolado e deixava alguns beijar a parte que todos queriam: o seu Bumbum.
Antes de terminar a apresentação desceu do palco e agradeceu um por um com beijo no rosto e os mais ousados com o “famoso beijo” e quando ia me atrever a beijá-la um cara me atrapalhou e tive que me contentar em beijá-la somente no rosto.
Para encerrar a apresentação deu autografo, nos cartões haviam caído no chão, então “sutilmente” abaixou para autografá-los, virando sem dobrar os joelhos, a visão do esplendor e uma salva de assobios romperam no ar, ouvia se fiu-fiu a todo instante. O primeiro foi o meu que lembrei de uma entrevista que ela dera no rádio e falara que se passasse na rua e ninguém fizesse um fiu-fiu ficaria em depressão, então lembrando disso e vendo tal visão fiz o tão esperado fiu-fiu e todos embalaram a distribuição de autógrafos com outros assovios e gritarias.
E para o “grand finale” virou e deixou que alguns desse o famoso beijo e nisso eu havia me levantado para ir até o palco e enfim beijar também, só que ao levantar apareceu um velhinho, bem velhinhos e ela vira e diz “Vai aguentar vovô, então beija e seja feliz!”, fiquei encabulado com a cena e o contraste iria ser muito grande, logo depois de um velho, eu de vinte poucos anos beijá-la  iria achar que era o neto do tal velho, desisti e morri na vontade.
Depois disso vi algumas vezes e não consegui chegar perto do palco, mas talvez ainda consiga dar o tal beijo, espero!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Adelaide Chiozzo - Carnaval de Rainhas

Em 2001 estive no relançamento do filme ‘Aviso aos Navegantes’ que fora restaurado. Antes havia tido um show com a atriz-cantora Adelaide Chiozzo, que por infelicidade não consegui chegar a tempo. E antes que começasse o filme vi o dramaturgo Silvio de Abreu conversando com a atriz Mirian Pires, ele olhou para os lados e disse que a platéia estava bonita talvez devesse ser por causa do show.
Passado muitos anos pude enfim ver Adelaide Chiozzo cantando e dançando em um palco, nos altos dos seus 80 anos deu um espetáculo à parte no show “Carnaval de Rainhas”, na galeria Olido, junto com a cantora Silvia Maria, revêem  Marlene e Emilinha Borba.
Não é necessário dizer que Adelaide Chiozzo roubou a cena, ela não precisa disso,somente sua presença num palco já é um espetáculo, parecendo uma menina de vinte e poucos anos dançou, cantou e agitou a platéia.
Durante algumas partes do show a voz falhou e com toda a simpatia do mundo reverteu tudo a seu com uma graça e espontaneidade única.
Momentos emocionantes durante o show quando relembrou Oscarito, Eliana e Grande Otelo e seus mais de 33 filmes sendo 15 na Cinematográfica Atlântida, e quando cantou uma música do Oscarito “Tá, Tá, na Hora”, a paltéia veio abaixo.
Mais emoção quando parou o show para fazer uma homenagem a cantora Claudete Soares que lhe deu apoio quando ficou viúva depois de 57 anos casada.
Durante todo o espetáculo fora de uma gentileza sem tamanho, uma verdadeira dama, pousou quando alguns fãs ardorosos insistiam tirar fotos suas quando cantava, respondeu a um que pediu para que tocasse acordeom, que respondeu que não combinava com carnaval e outras gentilezas que uma grande dama é capaz de fazer. Desculpou-se por não dançar com mais energia por ter 80 anos e ter que ter mais cuidado. As músicas cantadas por ela foi os grandes sucessos de Emilinha Borba, mas ninguém estava muito interessado em relembrar as cantoras do rádio queria mesmo é vê-la em cena.
Foi um espetáculo muito bom, o que ficou a desejar era que o som estava muito alto para sala muito pequena atrapalhando de ser um dos melhores que já vi. Em alguns momentos me senti na platéia do programa da Inezita Barroso de tão animado que estava e pela presença de idosos também lembrava um baile da terceira idade.
E o melhor de tudo foi registrado pela câmera de um fã que a Adelaide Chiozzo identificou como sendo um fã da Gazeta.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Saúde Negligenciada

Chuvas, pontos de alagamentos, sala de aula com poucos alunos e professora presa no transito. Quarenta minutos antes de terminar a aula a professora chega esbaforida justifica o atraso e inicia a aula e o melhor não foi durante a aula, um monologo se inicia e não parece terem mais fim, os alunos com cara de sono e sabendo que a próxima aula não haverá então todos estão com pressa de que a aula termine e enfim possa de alguma maneira aproveitar o resto da sexta-feira.
No tempo de espera os alunos que estavam ficaram conversando algumas nulidades como danceteria, alguns casos da própria faculdade e assuntos relacionados com o curso de farmácia.
Um desses assuntos foi parte da aula de Química Farmacêutica, as doenças tropicais que são negligenciadas pela indústria farmacêutica, que não gera grandes lucros. O assunto começou como outros tantos e quando menos percebemos já estávamos discutindo a responsabilidade de novos fármacos para resolver esse problema que há mais de vinte anos não tem investimento e é uma realidade de muitas pessoas.
Malária, Chagas, são exemplos de doença tropical negligenciada e que há muito não tem investimento, alguns alunos concordaram coma indústria já que devem ter investimento em fármacos que atinge a grande maioria e não em uma pequena população. Eu fui um dos contra, acredito que a saúde é o bem mais precioso que devemos preservar. Todos nós de uma forma ou outra estamos sujeitos a adquirir malária, chagas ou outra doença negligenciada.
Infelizmente ninguém tem realmente grande interesse em mudar essa situação, deveria ter uma parte dos lucros da indústria farmacêutica destinada para esse fim, à política de países como o Brasil deveria exigir que uma porcentagem da venda de medicamento fosse revestida para sanar ou amenizar esse mal. A indústria não estaria fazendo favor nenhum e o investimento seria retornado para ela assim que novos fármacos fossem liberados para tratamento.
A culpa não é da indústria e sim do Poder Público que deveria criar leis que visassem à proteção desse grupo de pessoas que correm o risco de adquirir estas doenças.
Países e continentes que sofrem pelo mesmo mal deveriam se unir e exigir investimento da indústria farmacêutica para o combate ou controle dessas doenças. O que falta é boa vontade para cobrar uma postura em prol da cura de doenças que não rendem muito dinheiro como as indústrias gostariam.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Eneas Martins de Oliveria, Eternamente Jovem

Eternamente Jovem
Hoje o mundo acaba de perder um grande Homem, muitos não o conhecerem, e mesmo assim Ele sempre fora grande.

O grande Eneas Martins de Oliveira

Pouca pessoa em vida pode desfrutar tamanho carinho de todos que o rodeavam.
Depois de muita luta a morte o venceu, conseguindo enfim o que havia tentado a muito tempo e não conseguido. Não consigo chorar apesar de estar muito triste, a morte não fora covarde levou meu Avô quando já não podia mais resistir, já não lutava mais pela vida e como em vida deixou a vida acontecer naturalmente.
Fora feliz, todos que o conhecerem o amaram, fora mais jovem que qualquer filho, neto ou bisneto, ninguém era indiferente a sua eterna juventude.
Brincadeiras, trotes pregados por Ele era motivo de riso e gostosa lembrança que todos carregam consigo para sempre.
Nunca vou esquecer-me de um longícuo anos 80, quando ainda era criança e o Vô Eneias pagou uma banana para mim dizendo que não era para dizer para ninguém já que não poderia comprar para os demais, e eu acreditando em suas palavras de adulto fui comer a banana em outra rua e de repente encontro com o meu primo Patrick comendo também uma banana e que fora ‘enganado’ pelo Vô com a mesma história e quando um olhou para o outro saímos correndo em direção opostas para não delatar o Avô. E outras lembranças do Vô enlaçando nossos pescoços com as pernas ou raspando a barba por fazer em nossos rostos ficarão para sempre.
No início dos anos 90 o mal ocorre, fora vítima de um derrame e já não era mais o Vô de antes, mas mesmo a doença não acabou com sua vontade de viver e tampouco acabou com sua juventude de ser, lutou e continuou sendo o bom e grande Avô de todos os netos.
Em nove décadas de vida fora amado por todos e nunca será esquecido, todas as dificuldades que passou superou até a mais forte de todas a perda da companheira de vida, que vivera com Ele por quase seis décadas e meia.
Dizer que o Senhor morreu é uma forma simplista, um Homem como o Senhor morrer é mentira, o certo é dizer que foi se encontrar com Deus e Nossa Senhora que de certo estarão de braços abertos para recebê-Lo e matar a saudade de tê-Lo deixado há tanto tempo alegrando uma legião de pessoas que o conheceram.
Descanse em Paz meu Grande Avô, pois nunca morre quem amamos de verdade.

Vô Eneas e Enéias - 2006

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Parque Buenos Aires

Acordo tarde e despreocupado saio de casa para terminar minha tatuagem. Depois mais de duas horas de sofrimento. Dessa vez não foi fácil, sombrear a tatuagem foi dolorido e parecia que não teria mais fim.

Finda a sessão saí andando pela Rua Turiaçu sentido ao Centro velho, andei, andei até atingir a Avenida Pacaembu, vejo o estágio tão majestoso e sigo em frente, me deparo em frente ao parque Buenos Aires, na Higienópolis.

Entro e me deparo com uma estátua de um homem sendo atacado por um leão, paro admiro as unhas do leão adentrando as carnes do homem e lembro-me do meu irmão e seu leão imaginário.

Uma fonte com duas figuras mitológicas adornam o parque, sento em um banco fico admirando as pessoas a passear, as crianças a correr, e outros sentados nos bancos conversando, lendo ou como eu vendo o mundo passar.

Do banco que estou fico a observar um bebedouro que a pouco havia bebido água. Lavo minhas mãos e em concha bebo água e admiro como minhas mãos estão bonitas, brancas e bem feitas e másculas. Lembro da minha irmã que em suas memórias ficou uma imagem do pai em uma dos passeios conosco num dos parques da cidade, onde em um bebedouro ele enchia as mãos com água e dava para a gente beber e como diz ela era água que não acabava mais. Essa é uma lembrança que não possuo e então estou tomando parte da lembrança alheia.

Deixo-me largado no banco observando as pessoas e uma garotinha loira passa com a família e com seu brinquedo em forma de peixe rosa aperta um dispositivo e pela “boca” do peixinho saí uma série de bolinhas de sabão deixando o ambiente mágico.

Depois de muito observar levanto e vou deixando meu corpo me levar para casa...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Dalva e Herivelto, um livro

No início do ano ganhei um livro que tinha certa curiosidade e que não comprei para ler por causa da minissérie “Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor” assisti a minissérie e não gostei da adaptação, os atores não convenceram, o ar sentimentalista foi à tônica da história.

O ator Fábio Assunção, Fafi Siqueira e outros atores estavam péssimos, a única que estava um pouco melhor era a atriz Adriana Esteves, mas não convenceu. Por isso senti um distanciamento da história da cantora Dalva de Oliveira e do compositor Herivelto Martins, o tom sentimentalista e fatalista apresentado na televisão não me deu vontade de ler o livro.

Como ganhei o livro de presente resolvi ler, terminei a biografia de Carmen Miranda por Ruy Castro e iniciei o livro do Pery Ribeiro e Ana Duarte, “Minhas Duas Estrelas – uma vida com meus pais Dalva de Oliveira e Herivelto Martins”, no inicio não gostei muito, achei tendencioso o relato parecia que pendia para o Herivelto, depois o discurso trata com carinho a imagem da cantora e a cada página vai descortinando um relato cativante.

No final do livro estou apaixonado pela história e passo a entender o cuidado que o autor tem com a figura paterna, a Dalva de Oliveira já é um mito e nada mais pode ruir com sua imagem diferente do Herivelto que carece de cuidado. Não tem como ficar indiferente ao carinho de filho falando dos pais, uma leitura obrigatória para quem gostou e principalmente para quem não gostou da minissérie.