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domingo, 20 de junho de 2010

BICHOS

Lendo o capitulo VIII – Bichos, do livro do Sr. Carlos Lodi, 'Reminiscências – crônicas Manauenses', fez-me recordar como é bom ter um amiguinho de estimação. Tive alguns durante minha existência, cachorros, galináceos e chinchilas. Todos amei muito e quando morreram chorei como um bebezão.
Quando criança, ganhei de presente um cachorro, o Duque, mistura de pastor alemão com pastor lobo, lindo, grande e todo amarelo, menos o focinho, de uma inteligencia sem igual. Ele tinha verdadeira adoração por todos em casa. Mas sempre me considerou o seu dono. Quando o ganhei tinha pouco mais de um ano de vida, então cresci junto com ele, como dois grandes amigos ou mais ainda, como bons irmãos.
Contam que nessa época montava no dorso dele, colocava meu pé na boca dele, dormia ao lado dele e éramos dois grandes amigos. Tanto que toda a vida dele ficamos juntos, mesmo quando meu pai teve que viajar para Rondônia, resolveu levá-lo também, o que aconteceu com a estadia meses depois em Minas Gerais na casa dos meus avôs. Onde íamos ele estava junto.
Sua alegria era vibrante, quando saiamos de casa e ao retornamos ele quase derrubava o portão de tanto sacolejá-lo, e quando entravamos em casa não tinha jeito, levávamos uma surra com o rabo dele, mas a alegria dele era tamanha, que só vendo.
Era muito esperto, e dava cada salto enorme, jogávamos osso ou qualquer petisco e ele saia do chão, bem alto mesmo. Durante doze anos foi meu grande amigo, sempre que podia vinha até minha cama acordar-me com uma lambida no rosto só para poder receber em troca cafuné que ele tanto gostava. Era um moleirão, uma criança, um amigão, que quando precisava defendia a casa e seus habitantes. Não foi uma, foi várias mordidas em pessoas que de alguma maneira ou outra foi desonesta.
Mas, como tudo que é bom dura pouco, ele se foi, deixando muitas saudades e lembranças boas.
Outros animais de estimação que tive foi um bichinho que fiquei encantado assim que os vi pela primeira vez, na época tinha seis anos de idade, e estava em Minas na casa da minha tia, quando vi um frango que minha tia iria matar, quando comentei 'olha tia, como é lindo o olho dele', minha tia ficou tão enternecida com isso que me presenteou com um casal de galináceo 'garnizé'. Desde então passei a ter mais uns amigos de estimação. Sempre que morriam ganhava outros, e todos tinham o mesmo nome, das galinhas eram sempre Titita e dos galos Chiquinho, foram vários, lembro-me de quase todos. Uma das Tititas tinha a crista tombadinha e era minha preferida, a mais bonita de todas.
Outra toda branquinha certa vez vindo do colégio gritei no portão de casa – mãe – ela veio correndo, se entendia o significado da palavra não sei, mas o fato de conhecer minha voz e vim correndo foi a maior alegria que tenho até hoje.
Já o último amiguinho que tive foi um que certa vez vi num pet-shop e fiquei encantado, uma mistura de coelho com rato, ou qualquer coisa do gênero, anotei o nome da espécie na minha mão, chinchila. Um sentimento esquisito se apoderou de mim, ao mesmo tempo rejeitava aquela criatura estranha, mas sentia-me enternecido de vê-lo comendo com as mãozinhas junto à boca.
Muitos anos depois comprei um, nunca dei um nome para ele, sempre o chamava de chinchila ou alguma forma carinhosa, ele era uma tentação que só vendo, tudo ao redor dele ficava destruído, roía tudo, os fios da máquina de lavar roupa, cds, livros, o que estivesse ao seu alcance.
Quando morreu chorei e chorei muito, como acontece com todos meus amiguinhos.
Resolvi comprar outra chinchila, mas desta vez não aconteceu a mágica que ocorrerá com os demais, a personalidade distante desse novo amiguinho não me cativou e também não deixou-se cativar, o tempo que ele permaneceu comigo foi diferente de todos os demais.
Como os demais também trouxe alegria a esse velho coração, com sua personalidade, sua maneira resmunguenta e desconfiada ele conseguiu demonstrar ser um amiguinho e tanto, deixando eu acariciá-lo por alguns minutos somente.
Todos foram de grande importância, pois lembro-me de cada um deles com recordações boas, e dizem que quando vamos morrer nossos animais de estimação vem nos acompanhar, se isso for verdade espero que venha todos, pois tenha muitas saudades de todos.

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