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domingo, 23 de junho de 2013

Manifestações Brasil 2013

Essa semana o Brasil literalmente pegou fogo, em meio às passeatas houve atos de vandalismo. Alguns aproveitaram que muitos estavam reivindicando e aproveitou para saquear lojas, cometer furto e outros tipos de crimes.
Não fui a nenhuma passeata, passei por uma e fiquei um pouco e quando vi que um dos manifestantes estava quebrando a porta da prefeitura dei meia volta e para casa de metrô.
Cheguei a minha casa e vi como foram os quebra-quebras, carro incendiado, muros e prédios históricos pichados, lojas invadidas e saqueadas e tudo o que mais não presta em contrapartida a manifestação da Paulista foi o contrário do que havia acontecido no centro velho.  
De certa forma o vandalismo também contribui para o sucesso das manifestações, as autoridades para evitar que mais atos de vandalismos possam ocorrer acaba cedendo às reivindicações.
Não iria escrever nada a respeito das manifestações porque teria que entrar no mérito de falar em política ou tomar partido dos fatos, afinal sou contra o abuso e o transporte está péssimo, falta qualidade, quantidade e o que muitos não falaram higiene, os ônibus de São Paulo são sujos e isso incomoda muito, sem falar na demora em chegar ao ponto e o limite de velocidade no corredor que geralmente não passa de 40km/hora. Afinal de contas as mesmas reclamações que todos tem também compartilho e também sou contra atos de vandalismos, mas vejo-os também como forma de pressão.

      Espero que surjam efeitos esses atos de manifestações e que também sirva de alerta para toda população: o poder emana do povo e é feito para o povo e como tal temos a obrigação e o dever de fazer parte do governo. Votar é só a etapa inicial desse processo.

Taça ou Sonho com o Poder

Uma das características da educação dos meus pais é cumprir o que prometem, sejam para agradar algum dos filhos ou mesmo o contrário. Quando criança bastava um olhar para dizer muitas coisas e essas palavras mais tarde se traduzia em ação. Implicitamente o que era prometido sempre fora cumprido, nunca falhava e por força maior poderia ser adiado, nunca esquecido.
A primeira decepção que tive com os adultos foi exatamente o tal do prometer e não cumprir, uma vez que estava habituado com a promessa cumprida o contrário me jogou em um mundo que não conhecia.
Antes da primeira série do primário, hoje ensino fundamental, existia o pré-primário, uma espécie de nivelamento dos alunos para que todos estivessem no mesmo nível no início do ano letivo. No final do pré-primário os professores faziam uma espécie de gincana, onde todos os alunos participavam de brincadeiras e os que ganhavam poderia escolher um brinquedo.
Formaram grupos e por algum motivo acabei ficando fora de todos, fiquei a vagar pelo pátio vendo as demais crianças brincando. Em uma dessas brincadeiras dividiram as crianças em dois grupos e deram uma corda para que cada grupo puxasse de cada lado, essa brincadeira é conhecia como “Cabo de Guerra”. Ao formar os grupos pedi a professora que organizava a brincadeira para poder participar, ela olhou para mim e disse que os grupos estavam formados e que na próxima rodada eu seria chamado. Fiquei esperando.
Os grupos se desfizeram e aguardando a promessa da professora fiquei.
Passado algum tempo desisti e esperar, saí andando desolado pelo pátio, uma tristeza abaixara sobre mim, o que era alegria, esperança deu lugar a decepção.
Algum tempo depois todos os alunos foram reunidos e levados à sala de aula. A alegria era geral, falavam alto, todos juntos. E os campeões puderam escolher o brinquedo de sua preferência.
Em meio ao alvoroço geral fiquei amuado, calado, com cara de enterro. A professora notou que não era mais o mesmo, que alguma coisa de errado se abatera sobre mim. Ela me chamou e perguntou se estava acontecendo alguma coisa, neguei. Houve insistência da parte dela, neguei novamente e Ela se abaixou e praticamente me colocou no colo e olhando fixamente em meus olhos disse para falar o que estava acontecendo. Comecei a chorar a pleno pulmões e dizer o que tinha acontecido que havia esperado a ser chamado para brincar e que fiquei esperando e não tinha sido chamado.
Com o inesperado a professora não sabia onde enfiar a cara ficou sem graça, me abraçou e tentou me consolar e terminar com meu choro convulsionado que cada vez ficara mais alto. Pediu para que tivesse calma, que havia esquecido e que não foi por mal que fizera aquilo e blá, blá, blá...
Para aliviar a dor que abatia sobre mim e presenteou com um carrinho de plástico, onde se acoplava uma bexiga que cheia dava propulsão para ele andar. Fiquei mais desencantado ainda, não queria o carrinho. Queria era brincar e ser campeão para poder dividir a alegria dos vencedores e poder escolher um brinquedo que fazia parte da maioria das minhas brincadeiras nesse período de pré-primário – a taça.
A taça era de material plástico resistente, cor creme e próximo à borda tinha desenhos de triângulos vermelhos.
Não era um brinquedo qualquer toda vez que brincava com ela me sentia com poder total, um rei, um homem rico, era a personificação do poder e dinheiro no meu imaginário. Somente pessoas ricas e poderosas bebiam em taças.
E por um esquecimento de uma professora fez com que perdesse a credibilidade nos adultos e destruísse meu sonho de poder e riqueza. Depois disso abateu sobre minha alma uma letargia que perdura até os dias atuais.

Essa história aconteceu por volta do ano de 1987, tantos anos depois, recordei com riqueza de detalhes ao ganhar da Gislaine Krausen da Paz uma taça em acrílico com o símbolo do time de futebol paulista Corinthians.
Depois de quase duas décadas e meia finalmente ganhei o que representava para mim o símbolo do poder, riqueza e saúde.
 Infelizmente não tenho mais idade para brincar de rei ou homem rico que bebe em taça, o estado de letargia conseguiu deixar suas marcas.
Depois de tantos anos terei uma taça que representa a profissão que abracei, o símbolo de Farmácia é uma taça com uma cobra enrolada, talvez estava pré-vendo o meu futuro e não sabia direito o que era.

sábado, 22 de junho de 2013

Poema em lugar público

Ontem saí do serviço e fiz algo que muitos acham impossível retornar para casa de ônibus, uma vez que esse tipo transporte público está cada vez pior. Vindo de metrô chego mais rápido e ainda é considerado um meio de transporte público seguro, rápido e limpo.
Fiz essa loucura, cheguei bem mais tarde e irritado também e para não dizer que tudo saiu da pior maneira possível, uma coisa me chamou atenção quando entrei no ônibus, o encosto de uma das poltronas estava pichada com uma frase, ou melhor, uma pequena poesia, achei graça de tal peculiaridade. Nunca imaginei algo assim. Cada vez mais fico surpreso onde as coisas podem acontecer.

- "Chuva caí lá fora e aumenta o ritmo, sozinho eu sou agora meu inimigo íntimo".

Ficou uma lição, a beleza está onde não há procuramos, basta ficar livre para que aconteça. Essa verdade estava morta em mim, a conhecia desde a leitura do poema “Sunflower Sutra”(A Sutra do Girassol), de Allen Ginsberg e que fora cantada pelo Cazuza em sua música “Ritual”- “Se até o poeta fecha o livro. Sente o perfume de uma flor no lixo. E fuxica”.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Amigo Personagem III

Amigos personagens geralmente aparecem onde menos se espera, já escrevi por duas vezes alguns que tive e ainda tenho. Por vezes me deparo com algum livro ou filme que sinto certa simpatia por algum personagem, tal como aconteceu com Marcelo Rubens Paiva, Carlos Lodi, Volquimar Carvalho dos Santos, no caso dos dois primeiros são pessoas vivas que não conheço pessoalmente e que me tornei amigo quando li o livro deles e no caso da Volquimar fiquei amigo dela através do filme baseado na psicografia do Chico Xavier, Joelma 23º andar. Também a o caso do jornalista Otto Lara Resende, que fiquei amigo deste personagem através de dois grandes escritores que eram amigos dele em vida, Nelson Rodrigues e Fernando Sabino, de tanto ler estes dois escritores escreverem a respeito dele passei a tê-lo como amigo personagem também.
Alguns personagens de filmes como Holly Golightly, George Falconer ou o vagabundo Carlitos ganham a minha simpatia, não chegando a exercer grande amizade como nos casos dos livros. Ultimamente até vídeos do Youtube estão atraindo a minha amizade, como no caso do vídeo “Marcelo Cabral e a Farsa do SBT”, por algum motivo fiquei compadecido pelo personagem.
Vendo o programa o rapaz não aparenta o que faz profissionalmente, fiquei também admirado e ao mesmo tempo me baixou um sentimento bom em respeito a tudo que ocorreu. Bom ator o rapaz é, desempenhou perfeitamente o personagem criado no palco e por isso já granjeou um lugar nos meus amigos personagens, ao lado de figuras conturbadas como o ator Sílvio Júnior que também fora ator de filmes adultos. Mesmo não vendo em cena deste tipo de filmes, o que me fez tê-lo como amigo personagem foi o fato de fazer parte de uma engrenagem chamada mídia que usa e abusa das pessoas e depois a descartam. O limiar entre a vida real e a fantasia me fascina e o ator Marcelo Cabral ou Alexandro Saldanha Rocha representa bem esse universo, não sabemos ao certo o que e em quem acreditar.
Como o universo de amigos personagens geralmente acontece em livros, os dois mais recentes a figurar esse panteão são dois personagens que de alguma maneira chamou minha atenção, inexplicável o que vi neles, são dois personagens que se estivem vivos não figuraria nas listas de amigos meus, mas que mortos ganharam uma aura, talvez em parte do autor do livro humanizasse a ação desses personagens e também  pelo limiar entre a loucura e sanidade, que ambos apresentam. Esses personagens foram assassinados em São Paulo e figura no livro “Dias de Ira – Uma História Verídica de Assassinatos Autorizados”, de Roldão Arruda. Esse livro apresentou diversos personagens e situações e nenhum outro personagem me cativou como o médico psiquiatra Antonio Carlos Di Giacomo e do eletricitário Arnaldo Vieira Neves. Esses dois personagens durante o livro foi o mais documentado e o autor fez análise crítica melhor de como cada um era e vivia e isso fez com que sutilezas viessem à tona.
O que muitas vezes ocorre de ficar amigo do autor dessa vez isso não aconteceu, Roldão Arruda é excelente condutor, o livro é uma aula de sociologia, história e análise de um período que infelizmente ainda está presente – morte sem solução. O personagem tão pouco me inspirou afeição, não por ser um assassino, por faltar mesmo profundidade e os demais foram personagens que não conseguiu prender minha atenção.

De todos esses personagens pude notar que todos tem em comum a linha divisória que separa o belo do feio, são todos frágeis prestes a romper com a ordem estabelecida. E isso me atrai.

domingo, 16 de junho de 2013

Dias de Tristezas - Crimes contra a Vida

Algumas semanas atrás estava  envolvido com vídeos do site Youtube, olhava um e dava risada e passava para o próximo em busca de diversão e por um motivo qualquer assisti um vídeo que falava de crimes ocorrido na década de oitenta em São Paulo e em outro vídeo o assassino narrava friamente como havia matado um médico. Já ouvira falar do caso que ficou conhecido como o “Maníaco do Trianon”.
O vídeo que assisti dava para perceber que não era uma produção brasileira, a maneira dos atores difere bastante de uma produção nacional, mas fiquei interessado pela história e vendo o que estava sendo apresentado se baseava em um livro “Dias de Ira – Uma História Verídica de Assassinatos Autorizados”, de Roldão Arruda, eu tratei logo de procurar o livro, nas livrarias aparecia como esgotado na distribuidora, então parti para os Sebos, que vende livros usados. Pesquisei primeiro pela internet, no site “estante virtual”, fui a alguns Sebos que constava ter o livro e nada. Até que encontrei em uma na Zona Oeste da cidade.
Comecei a leitura quando retornava para casa, não desgrudei do livro um sequer minuto, queria saber tudo, como aconteceu, o laudo médico, pericial, o lado psicológico do assassino, tudo que pudesse descobrir.
Conforme a leitura foi-se adiantando vi que nenhuma dessas respostas seria plenamente respondida, o livro torna-se vago em muitos aspectos, não temos certeza de mais nada. O autor fez um trabalho espetacular, buscou informações em tudo que foi possível e mesmo assim não conseguiu fazer uma obra definitiva. Mesmo quando narra o encontro que teve com o Fortunato Botton Neto não consegue elucidar a personalidade ou os crimes, ficando reticências no ar.
Terminei de ler o livro com a mesma certeza que tinha antes. Não matou minha curiosidade, o autor fez algo melhor, fez com que recuasse no tempo e vislumbrasse uma época que deveria ter morrido, ter virado história e que infelizmente ainda arde como brasa nos dias atuais.
O livro é uma aula de sociologia, explica como foi à década de oitenta para um grupo que ainda vive na clandestinidade apesar da visualização que tal grupo tem hoje, mesmo assim muitos ainda são vítimas de crimes de ódio ou outros crimes já que uma parcela prefere viver no anonimato da sua vida particular para evitar preconceitos e estereótipos.
Recomendo a leitura do livro como obra sociológica, para entendermos melhor a condição do homossexual na sociedade e o perigo que corre quando nossas atitudes em classificar de certo ou errado, como vi na televisão o pastor Silas Malafaia berrando palavras de intolerância, que dois homens ou duas mulheres não podem produzir nada, então que o casamento foi feito para homem e mulher.  Casamento foi feito para quem quer ficar juntos, simples assim.
 Antigos preconceitos que ainda faz com que o livro esteja mais atual do que nunca.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Enquanto estou bêbado...

Nesses últimos tempos tinha tantas coisas para escrever, que infelizmente acabaram não sendo escritas.
Dia primeiro de maio iria falar sobre o dia dos trabalhadores, a morte do Ayrton Senna, a morte do meu avô paterno e mais alguma coisa que já não recordo mais, passou.
Depois veio feriado e fiquei de escrever e acabou não acontecendo também.
Criança encontrada no cano de uma privada, bebedeira que fui protagonista e nenhuma linha foram escritas, em parte para evitar detalhes que é melhor ficar à sombra do esquecimento.
Desilusão, amargura que há tempos venho acalentando, preferível que se cala na garganta ao invés de ecoar aos ouvidos moucos.
Amores não correspondido que fere a alma e joga a lama esperança de um dia ser feliz.
E por falar em amor, amanhã é dias dos namorados e não tenho uma palavra sequer para escrever a este respeito, poderia fazer um texto qualquer, romântico, triste, alegre, desesperançado para dizer o quanto já amei e fui amado e acabou.
Diferente do que muitos acreditam já fui quase casado, namorei por alguns anos e terminou como começou. Não tenho certeza de que terminou realmente.
Às vezes o medo me consome, perco os sentidos, chego a sentir frio, um desespero tomar conta do meu corpo, sufocando minha alma e ainda pior sou conivente com esse sentimento, deixo-o me possuir lentamente e no auge do desespero sou capaz das coisas mais insanas que um ser humano pode fazer -  mentir enquanto está bêbado.
Esse sentimento me abre um vazio maior que todos os estádios de futebol juntos, tenho vontade de encolher, em posição fetal, até sumir. Num rompante depuro egoísmo sinto necessidade de curtir minha solidão só.

Nessa turbulência que por ora invade minha’lma e faz o que de mais belo congelar fico a esperar um sorriso que em breve farei acontecer.