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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

B,U,C,E,T...



Todos temos defeitos e ficar lembrando os defeitos alheios não faz bem para ninguém, tento na maior parte do tempo recordar o bem que me fizeram.
Na medida do possível as pessoas de maneira geral são legais comigo, muito mais do que elas possam imaginar.
Algumas dessas pessoas são criticadas por alguma postura ou algo desagradável que aprontou, principalmente em se tratando de família.
Tias que aprontam são algo clássico em qualquer família e isso na minha família tem aos montes, principalmente as que são agregadas, essas ou uma dessas é o rascunho do inferno, mas para que perder tempo com defunto ordinário. É melhor gastar vela com quem vale à pena.
Uma tia que tenho verdadeiro carinho é uma das irmãs de minha mãe, a tia Amélia Maria Martins Julião, ou simplesmente 'Tia Mirinha' para os sobrinhos.
Desde que me lembro a tia sempre teve um carinho por mim, quando em criança já para me agradar me presenteou com um casal de galinha garnizé, uma vez que fiquei fascinado com os olhos de um frango, por ser redondo e ter a cor laranja, outra feita me presenteou com uma flauta feita de bambu e foi quem me ensinou a ler e escrever de uma maneira sem igual.
Quando estava sendo alfabetizado tinha dificuldade para assimilar, não conseguia decorar nada e a cada dia ficava mais e mais nervoso e nada aprendia. Certa vez minha mãe ao tentar me ensinar quebrou em minhas costas uma régua de madeira só porque ao ver a figura não disse o nome correto, ela soletrou c e a, ca, b e o, bo e eu irresponsavelmente respondi vendo a figura: - PAU e foi pau mesmo, só que nas minhas costas e ainda tive que amargar um castigo.
Entre tapas e beijos eu nada aprendia, o desespero ficando cada vez maior e minha Tia que em um desses dias estava em casa olhou para mim e falou: -Já que você está com dificuldade eu vou te ensinar a ler e escrever, pega sua lousa e escreve o que vou lhe ditar.
Começou a ditar cada palavra: B, U, C, E e quando chegou na letra T eu tomei um susto e disse: - isso é um palavrão e ela começou a rir, fiquei pejo de vergonha.
Minha mãe para não perder o momento criticou que saber ler e escrever eu não sabia mas palavrão havia aprendido e onde eu havia lido aquilo, eu apressadamente disse que era no banheiro masculino, não recordo se realmente foi no banheiro ou em qualquer outro lugar, o fato é que depois desse inicio tudo ficou mais claro e comecei a aprender.
Bastou algumas letras para aprender a escrever e ler e sem necessidade de cabo ou pau e muito menos pancadaria, coisa que não era raro em casa, virava e mexia sobrava bordoada para todos e que algumas vezes essa mesma Tia me livrou .

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