Todos
temos defeitos e ficar lembrando os defeitos alheios não faz bem
para ninguém, tento na maior parte do tempo recordar o bem que me
fizeram.
Na medida
do possível as pessoas de maneira geral são legais comigo, muito
mais do que elas possam imaginar.
Algumas
dessas pessoas são criticadas por alguma postura ou algo
desagradável que aprontou, principalmente em se tratando de família.
Tias que
aprontam são algo clássico em qualquer família e isso na minha
família tem aos montes, principalmente as que são agregadas, essas
ou uma dessas é o rascunho do inferno, mas para que perder tempo com
defunto ordinário. É melhor gastar vela com quem vale à pena.
Uma tia
que tenho verdadeiro carinho é uma das irmãs de minha mãe, a tia
Amélia Maria Martins Julião, ou simplesmente 'Tia Mirinha' para os
sobrinhos.
Desde que
me lembro a tia sempre teve um carinho por mim, quando em criança já
para me agradar me presenteou com um casal de galinha garnizé, uma
vez que fiquei fascinado com os olhos de um frango, por ser redondo e
ter a cor laranja, outra feita me presenteou com uma flauta feita de
bambu e foi quem me ensinou a ler e escrever de uma maneira sem
igual.
Quando
estava sendo alfabetizado tinha dificuldade para assimilar, não
conseguia decorar nada e a cada dia ficava mais e mais nervoso e nada
aprendia. Certa vez minha mãe ao tentar me ensinar quebrou em minhas
costas uma régua de madeira só porque ao ver a figura não disse o
nome correto, ela soletrou c e a, ca, b e o, bo e eu
irresponsavelmente respondi vendo a figura: - PAU e foi pau mesmo, só
que nas minhas costas e ainda tive que amargar um castigo.
Entre
tapas e beijos eu nada aprendia, o desespero ficando cada vez maior e
minha Tia que em um desses dias estava em casa olhou para mim e
falou: -Já que você está com dificuldade eu vou te ensinar a ler e
escrever, pega sua lousa e escreve o que vou lhe ditar.
Começou
a ditar cada palavra: B, U, C, E e quando chegou na letra T eu tomei
um susto e disse: - isso é um palavrão e ela começou a rir, fiquei
pejo de vergonha.
Minha mãe
para não perder o momento criticou que saber ler e escrever eu não
sabia mas palavrão havia aprendido e onde eu havia lido aquilo, eu
apressadamente disse que era no banheiro masculino, não recordo se
realmente foi no banheiro ou em qualquer outro lugar, o fato é que
depois desse inicio tudo ficou mais claro e comecei a aprender.
Bastou
algumas letras para aprender a escrever e ler e sem necessidade de
cabo ou pau e muito menos pancadaria, coisa que não era raro em
casa, virava e mexia sobrava bordoada para todos e que algumas vezes
essa mesma Tia me livrou .
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