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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

INFINITO MAR


O mar. Como é lindo o mar. Nunca havia percebido sua imensidão.
Agora vejo todas as cores, cheiro,...
Parece tolice dizer o que todos já sabem, ou melhor, alguns já sabem, com certeza e não tenho medo de dizer, outros tantos nunca pararam para admirar o mar.
Nunca havia parado para sentir a brisa vinda do mar, todas as vezes que vinha a praia era para me embebedar junto aos amigos.
Sinto-me extremamente só, não tenho motivo para me sentir assim, estou sempre rodeado de pessoas, risos fáceis ecoam ao meu redor, nunca fico sozinho, em casa tenho esposa, filhos, amigos, vizinhos, todos ficam sempre junto a mim e somos felizes. Uma felicidade infantil, onde um comentário, do mais inocente causa comoção a todos.
Ontem saí de manhã, indo ao trabalho, como de costume. Minha rotina nunca é alterada, mas ontem foi diferente. A muito não faltava. Não sei precisar bem o que me levou a desistir de ir ao trabalho, simplesmente não fui, nada de especial na minha escolha, somente uma escolha pura, nada mais.
Andando eu pelo calçamento, vendo a areia branca, o ir e vir do mar, pássaros voando, pessoas correndo, crianças brincando, a vida acontecendo. Nada mais me perturbou que a sensação de liberdade ilimitada.
Ser livre é o sonho de todos. Agora que me encontro livre não sei o que fazer com minha liberdade.
Talvez fosse melhor ser prisioneiro da minha feliz existência, não perceber coisa alguma. Viver sem notar o mar.
Agora é tarde, como posso esquecer-me do teu verde esmeralda, teu rugido rouco e do soprar de tuas narinas. Definitivamente não posso.
A beleza escraviza os deslumbrados, pois agora sei que minha felicidade estava no deslumbramento de ser o centro das atenções. Algo se rompeu dentro de mim, caiu a venda dos meus olhos, descobri que existe algo imenso, forte, poderoso que está além de mim, não poderei dizer o que é, também não o sei, sinto, toda sua força. Força essa que me deixa fraco.
Agora os risos tornaram-se flácidos e frívolos, os afagos uma forma desesperada de atenção, nada mais me satisfaz. Abatido sigo em frente, sem ilusão, consciente da vida, o que foi ontem é hoje e será amanhã.
Respirar virou minha maior alegria, já não vejo velhos costumes importância de outrora. Pessoas, árvores, animais e objetos inanimados como parte de mim, grandes irmãos que me completa e me fazem seguir adiante sem medo do desconhecido.
Ao ver o mar aprendi a respeitar o que não posso compreender, mesmo que isso fira a minha vaidade.

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