Dias
desses estava no metrô, linha verde, e notei próximo a mim um
velhote com uma mulher e uma menina rotunda, achei a cena hilariante,
a protuberância do abdome do homem era esplendoroso, imenso para ser
mais preciso e nas mãos trazia um pacote contendo um lanche desses
fast-food e parecia estar feliz da vida, provavelmente a pança
estava cheia da mesma iguaria.
Ao mesmo
tempo que via a família com sobrepeso e feliz recordei de outro medo
de infância, a música “Nego Véio Quando Morre”, cantada pelos
Os Originais do Samba e que uma das minhas irmãs, Cristiane - a Guita, insistia em causar
o mais terrível medo da minha vida. Ela infernalmente começava a
cantar para infernizar minha vida de criança e não adiantava
suplicas, reclamações, choro, com tudo isso ficava pior. Quando
minha irmã cantava a música que fazia parte de uma das novelas da
Rede Globo de Televisão eu ficava a imaginar cada parte da letra, as
velhas, o nego, o velho barrigudo, o caixão, tudo, tudo era um
terror para minha infância.
Olho do japonês morto
Certa vez
acompanhando minha mãe que fora levar minha queridas irmãs mais
velhas ao colégio havia uma casa desabitada que pela janela de um
dos cômodos dava para ver uma pia de louças e uma mancha vermelha
em cima e na parede. Minhas irmãs e suas coleguinhas conseguiram
autorização dos respectivos pais (mães) para entrar e ver o que
era e eu muito curioso não foi me dado essa oportunidade, fiquei
morrendo de curiosidade. Quando a mesma irmãzinha que anos antes me
aterrorizava com a tal música saiu perguntei que mancha era aquela e
ela sarcasticamente falou que era sangue de um japonês morto e que
lá dentro ela viu o olho do tal japonês. Isso foi o suficiente para
acabar com a minha paz e ter pesadelos terríveis com olhos de japonês mortos e sangrando e até hoje essa história e relembrada em
casa.
E para
matar a saudade do terror infantil que minha adorável irmãzinha
mais velha me impingia na minha mais tenra infância aí está a
letra do meu terror auditivo:
“Quando eu morrer quero ir de fralda
de camisa
Quando eu morrer quero ir de fralda de camisa
Defunto pobre de luxo não precisa
Defunto pobre de luxo não precisa
Quando eu morrer quero ir de fralda de camisa
Defunto pobre de luxo não precisa
Defunto pobre de luxo não precisa
Cinquenta velhas desdentadas e
carecas
Cinquenta velhas desdentadas e carecas
Hão de ir à frente tocando rabeca
Hão de ir à frente tocando rabeca
Cinquenta velhas desdentadas e carecas
Hão de ir à frente tocando rabeca
Hão de ir à frente tocando rabeca
E um velho bem barrigudo
E um velho bem barrigudo
Ir lá na frente tocando no canudo
Ir lá na frente tocando no canudo
E um velho bem barrigudo
Ir lá na frente tocando no canudo
Ir lá na frente tocando no canudo
Quatro velhas que forem de balão
Quatro velhas que forem de balão
Irão segurando nas argolas do caixão
Irão segurando nas argolas do caixão”
Quatro velhas que forem de balão
Irão segurando nas argolas do caixão
Irão segurando nas argolas do caixão”
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