Próximo de mais um ano que vai escorrendo nas areias do tempo me encontro em um sofá perdido e com um vazio que daria para colocar todo o Universo e sobraria espaço para o Espaço.
Felizmente não tenho do que reclamar, depois de um furacão que quase me devorou pude aproveitar momentos agradáveis num pequeno paraíso e para presente de 38 verões recebi a melhor notícias que alguém possa ter. Como a satisfação não é minha companheira de berço fico querendo mais e padeço do grande mal.
Um ano conturbado e que passei por todas as dificuldades sem esmorecer e com garra. Superei os momentos mais tumultuados e o saldo foi positivo e no entanto não consigo me livrar desse garrote, padecendo aos poucos.
Talvez Fernando Pessoa tenha escrito o que sinto:
"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime".