Há muitos anos atrás, por volta
do final da década de oitenta e inicio da década de noventa em um programa humorístico
tinha um quadro que era mais ou menos assim: Um homem contratava um detetive
para investigar sua mulher. Durante o quadro o detetive ia narrando para o
marido o que a mulher deste estava fazendo com o suposto amante, era detalhado
cada cena e no final a janela do motel se fechava e o detetive não conseguia
dizer mais nada e o marido em sua eterna dúvida dizia o bordão “Oh dúvida cruel!”.
Assim são muitas pessoas,
preferem ficar na dúvida por ser conveniente e não ter que tomar qualquer
atitude, preferível é fingir que não sabe para deixar como está.
Mal começou a semana e um fato
fez-me recordar esse programa que há muito não assisto e junto com essas
lembranças outras tantas emergiram das profundezas da escuridão de uma mente
cansada.
A semana começou atribulada, graças à
reclamação de um cliente a respeito do produto que mandara produzir no local
onde trabalho, foi uma reclamação atípica, geralmente as reclamações dizem
respeito a entrega propriamente dita, as características organolépticas do
produto ou a dúvida em geral, desta vez foi diferente. A reclamação era o que
estava escrito no rótulo não condizia com a prescrição médica. Ficamos todos
sem entender nada, começou a busca por respostas satisfatórias, toda etapa de
manipulação foi avaliada desde a entrada do pedido até a dispensação.
Tudo estava correto, somente o
rótulo estava errado. A forma farmacêutica, os componentes prescritos, as
dosagens corretas e inexplicavelmente o rótulo editado de maneira estranha. E cada
pessoa que participou da fórmula em questão lança no sistema o que fez.
Com ajuda de um Técnico de
Informática, responsável pelo programa utilizado conseguiu rastrear toda
movimentação da fórmula, da entrega a dispensação e todas as etapas ficaram
registradas no sistema e para surpresa geral o nome de uma pessoa que não teria
o porquê de aparecer na lista lá estava depois da última conferência. Ficamos
sem entender nada, afinal de contas o que o nome da fulana estava na lista,
sendo que momento algum essa pessoa havia feito parte do processo. E para piorar a situação o processo que
apareceu o nome dessa pessoa foi justamente na edição de rótulo.
Depois desse achado começou o
ponto mais dramático, indagada a fulana o porquê o nome figurava na lista, ela
simplesmente olhou a Ordem de Manipulação e disse com tom sarcástico que não
foi ela que havia conferido.
Depois dessas palavras todos os presentes
ficaram com caras de bobos e o assunto foi encerrado já que uma das donas
preferiu acreditar que na empresa dela não tem pessoas com capacidade de
sabotar. Depois disso lembrei alguns ditados populares ditos pela minha saudosa
avó “o pior cego é aquele que não quer ver”.
Não estávamos acusando ninguém,
somente gostaríamos de saber o que a fulana havia feito para o nome aparecer na
lista???
Mesmo ouvindo algo tão estúpido
procuramos novas listagens e novos indícios foram apontados para mesma pessoa e
novamente o bom senso fez-nos calar, uma vez que nos foi pedido com tanta
gentileza para encerrar a investigação, afinal resolvemos por vontade própria
colocar uma “pedra em cima” do caso. Não estávamos acusando ninguém somente
gostaríamos de saber o porquê de um erro tão banal ter acontecido. E como já
ouvi certa vez “tem pessoas que não ouve cuidado e acaba ouvindo coitado”.
Findo o caso. Ficando somente o
gosto amargo da proibição explícita, afinal “manda quem pode e obedece quem tem
juízo”.